Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
Um grupo de ativistas está atuando no Amapá para mudar a forma como tratamos o lixo que nós mesmos produzimos. Além da defesa do meio ambiente, o Movimento Lixo Zero Amapá, quer transformar a destinação dos resíduos sólidos em oportunidade de renda.
O assunto não é novo e a reflexão iniciada e feita em diversos países ganha importância no cenário de mudanças climáticas.
Morar na Amazônia, também traz consigo uma posição especial no globo terrestre e a pergunta: o que estamos fazendo com o lixo produzido por quem mora na Amazônia?
Essas e outras questões estão sendo difundidas na “Semana Nacional Lixo Zero”, que está ocorrendo desde o dia 22 e irá até 31 de outubro. O Lixo Zero Amapá é parceiro do Instituto Lixo Zero Brasil, pioneiro deste debate em solo tupiniquim.
O conceito consiste no máximo aproveitamento e no correto encaminhamento dos resíduos urbanos sólidos, tanto os recicláveis, como latinhas de alumínio, quanto os orgânicos, como os restos de comida. A ideia também é diminuir, ou até eliminar, o encaminhamento para aterros sanitários ou incinerações.
“O conceito lixo zero é uma meta ética, econômica, eficiente e visionária, para guiar as pessoas, as cidades, estados, países, a mudar os seus modos de vida e práticas de forma a incentivar os ciclos naturais sustentáveis, onde todos os materiais são projetados para permitir recuperação e o uso do pós consumo”, declarou Marília de Nazaré, voluntária do movimento.
Ela ressalta que não se trata de conceitos abstratos, distantes de todas as pessoas. Ao contrário: todos os dias consumimos produtos e, em consequência disto, produzimos resíduos.
“Na sua casa, você separa resíduos orgânicos dos resíduos recicláveis?”, questiona a ativista.
Este é um exemplo e seria uma forma bem prática de demonstrar que qualquer pessoa pode começar a ter, na sua própria casa, uma prática diferente com os resíduos que produz.
O que fazer com a enorme quantidade de caroço de açaí que Macapá produz todos os dias? Qual a melhor destinação para esse resíduo e há alguma forma de fazê-lo gerar renda?
Há exemplos bem sucedidos que transformam o caroço do açaí em “Café de açaí”, e isto tem gerado renda.
Dentre resíduos recicláveis, certamente o exemplo mais popularizado é o da reciclagem do alumínio das latinhas de cerveja e refrigerante.
Prática
Atualmente, além de Marília, Nicole Santos, outra ativista do movimento lixo zero no Amapá, desenvolvem projetos na área.
Marília trabalha com compostagem, ou seja, formas de aproveitamento da decomposição de resíduos de origem vegetal e animal, notadamente restos de comida, frutas e vegetais. Ela vende plantas que aduba com o resultado da sua compostagem.
A ativista diz que mundo pode ter um sistema de compostagem doméstico e ensina como fazer e a como reaproveitar muitas das coisas que achamos já terem encerrado o seu ciclo.
Já Nicole faz o recolhimento, algumas vezes sob o pagamento de uma pequena taxa, na casa das pessoas, de resíduos secos e reciclados. Ambas estão conectadas a famílias que têm parte da sua renda garantida através destes resíduos seus e de outras pessoas.
“A gente começar a observar que, na verdade, não existe lixo. Que se a gente transformar esses resíduos que saem da nossa casa, a garrafa de detergente, o pacote de café, a lata, aquele resto de comida que sobrou do almoço e azedou, se a gente conseguir destinar isso de forma correta, o que não é impossível, a gente pode preservar o meio ambiente e termos responsabilidade social, cuidando do lixo”, concluiu Marília.