Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
A direção de um navio comercial de transporte de passageiros e cargas no trecho entre Belém (PA) e o sul do Amapá, nas cidades de Vitória e Laranjal do Jari, resolveu inovar e transformar-se, também, em galeria de artes itinerante entre os rios da Amazônia.
Um dos idealizadores do projeto, Marcus Benedito, gerente da embarcação Iluminado, contou que tudo começou quando as equipes do navio perceberam a ociosidade, principalmente das crianças, durante as cerca de 40 horas de duração da viagem.
Contrataram, então, uma arte educadora, Carmen Lúcia Barbosa, para desenvolver oficinas de música, produção de artesanatos, bonecos e teatro de mamulengos. Empolgados, e como a pedagoga também é artista, pensaram em fazer uma primeira exposição de artes plásticas, mais precisamente de quadros com cenários amazônicos.
“A gente teve a ideia de fazer a exposição do amigo dela, do Alberto Santos, um artista plástico que tem diversos quadros, ele é caricaturista, surrealista e tem a técnica de óleo sobre tela de paisagens amazônicas. Então, a gente pensou em expor no navio porque a gente acha que todo mundo deve ter acesso, o direito à cultura, ao lazer, ao ocupar a mente”, explicou Marcus Benedito.
A primeira exposição foi de quadros de Alberto Santos, que ficaram por algumas viagens espalhados pelo navio. A maioria foi vendido por passageiros que se encantaram com os retratos da natureza. Marcus comemora ao contar que a reação do público, ribeirinhos, onde pode-se ter o preconceito da falta de interesse por este tipo de arte, a reação, o contato com as obras, tem sido excepcional.
“Instigar as pessoas a terem a arte mais próxima de si. É incrível o resultado: as pessoas param, olham, é algo realmente diferente em uma embarcação regional e a gente quer poder incrementar cada vez mais essa galeria do Navio Iluminado”, contou Marcus ao Portal SelesNafes.com.
A obra de outro artista amapaense também já navegou no Iluminado: Yago França Lima, de Laranjal do Jari. Ele tem como influência em sua obra a arte urbana, mais notadamente o grafite, o cartoon arte, street arte e a arte abstrata.
Sua exposição no Iluminado percorreu cada riozinho desde o Laranjal do Jari, passando por Monte Dourado, Vitória do Jari, Gurupá e Breves no Pará, até chegar ao porto da Cidade Velha na capital das mangueiras, a centenária Belém.
“Assim como a educação é direito de todos, pública, gratuita e universal, a saúde também é, a arte tem que ser. Essa, também, é nossa missão, levar desenvolvimento não apenas econômico para toda a nossa região, mas também sociocultural”, finalizou Marcus, de encarregado de barco amazônico à aspirante de curador de artes.