Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
Em tradução literal do latim: por causa da honra. A Universidade Federal do Amapá (Unifap), decidiu, através de seu Conselho Superior, conceder ao mestre Sacaca (Post mortem) e ao jornalista paraense, Lúcio Flávio Pinto, a máxima honraria que a academia pode conceder, o título de doutor Honoris causa. A decisão foi tomada no último dia 19.
A titulação significa que a universidade reconhece que nada tem a ensinar a uma pessoa em determinado ramo do saber e do conhecimento humano. Em comum das duas personalidades homenageadas, a Amazônia, seus encantos, riquezas e desafios.
No caso de Raimundo Santos Souza, o Sacaca, a universidade reconhece a importância histórica do “médico do povo” que, com seu conhecimento das plantas amazônicas, tratava as dores e enfermidades do povo amapaense.
Sacaca foi um dos mais destacados e “ecumênicos” amapaenses da segunda metade do século XX. Multifacetado, deixou marcas além da medicina popular, no carnaval, no esporte e na cultura em geral. É nome de museu científico e regional, em Macapá, e tema de documentário que conta sua história.
A proposição da titulação ao Mestre Sacaca veio do reitor Júlio Sá, após recebimento de ofício da família. A comissão de avaliação, composta pelo presidente, o professor e ex-reitor Carlos Tavares, que teve a companhia de um professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) e uma professora da Universidade Federal do Pará (UFPA).
“Diferentemente do professor Lúcio Flávio Pinto, nós não tínhamos um currículo formalizado, então fomos atrás de toda a história do Mestre Sacaca para fazer um parecer consubstanciado de forma que fosse apreciado pelo conselho universitário. Nós fomos favoráveis à concessão do título de doutor Honoris causa Post mortem e eu creio que isso vai ficar na história da Universidade Federal Amapá”, contou o professor Tavares ao Portal SelesNafes.com.
Lúcio Flávio Pinto
O professor e jornalista Lúcio Flávio Pinto teve sua titulação aprovada a partir do requerimento do programa de doutorado em biodiversidade tropical da Unifap. Ele formou-se em sociologia pela Universidade de São Paulo (Usp), lecionou nos Estados Unidos da América e na UFPA, no Pará.
No jornalismo, foi correspondente de grandes jornais de circulação nacional no Pará e, junto com o irmão, edita o “Jornal Pessoal”, que circula em Belém sem propaganda e relação com os grupos empresariais e políticos da cidade. É considerado um dos maiores especialistas da Amazônia e há muito frequenta a Unifap realizando palestras e aulas magnas.
“As duas personagens, o professor Lúcio e o Mestre Sacaca, são pessoas que, realmente, fizeram história e fazem história devido a sua atuação, em campos diferentes, um debate de defesa da Amazônia, e o mestre Sacaca no aproveitamento da biodiversidade, principalmente das plantas medicinais”, declarou Tavares.
A comissão que aprovou a honraria à Lúcio Flávio Pinto, também foi presidida pelo professor Tavares, com a participação de uma professora da UFPA e um professor da Universidade de Miami. A cerimônia que, por fim, irá conceder os títulos, deverá ser entregue ainda este ano.