Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
Os alagamentos causados pelo temporal que atingiu o Amapá no último sábado (20), também fizeram vir à tona o importante debate sobre o lixo produzido nas cidades e a sua destinação. Uma jovem ativista, Marília de Nazaré, acadêmica da Universidade Federal do Amapá, faz parte do movimento “Lixo zero”, parte de um debate internacional sobre o tema.
As autoridades municipais, notadamente da zeladoria urbana de Macapá, admitindo a força das chuvas e a falta de macrodrenagem histórica da cidade, apontaram também que o lixo vedou a saída de várias galerias, bueiros e manilhas contribuindo de forma decisiva para os alagamentos ocorridos no sábado.
Marília começa afirmando que não existe o “jogar o lixo fora” quando se trata do planeta como um todo, então o debate deve perpassar pela destinação que todos nós damos aos resíduos que produzimos.
Para ela e o movimento do qual participa, a maior responsabilidade é das autoridades, dos governos.
Primeiro porque praticamente não há educação ambiental em todas as séries do ensino público, além do que faltam campanhas de conscientização, coisas mínimas como placas de orientação que demonstrem que todo o lixo que vai, também volta e quando o faz, causa prejuízos.
Além disso, ela deu como exemplo a Semana na Consciência Negra, realizada na União dos Negros do Amapá. Fotografou todo o acúmulo de lixo deixado para trás após uma noite de programação.
Segundo ela, havia apenas uma lixeira improvisada, o que ela considera uma oportunidade perdida do poder público de demonstrar à população como destinar corretamente seu lixo.
Mas não é por criticar os governos que ela “passa a mão” na população em geral. Todo mundo tem a mínima ideia de que é errado jogar uma bagana de cigarro ou uma sacola na rua.
“O lixo em Macapá é algo que não é pensado, nem pelos gestores e nem pela população. Nós vemos constantemente lixo pelas ruas, após eventos, e acontece que esse lixo que fica no chão entope bueiros da cidade e quando chega, por exemplo, no mês de novembro, que temos grandes chuvas, com o entupimento a gente tem enchentes. A gente precisa falar sobre esse lixo para que ele seja levado a sério e entre mais dentro das escolas, para ser debatido, para arrumar uma finalidade para ele, porque não é certo esse lixo estar no chão”, declarou a acadêmica de ciências sociais da Unifap.
Soluções
Apesar de o assunto ainda ser bastante inicial e, praticamente, de vanguarda no Amapá, Marília acredita que é possível implementar mudanças.
“Não existe jogar lixo fora do planeta e como isso não existe, temos que pensar em uma solução. Essa solução é fortalecer as pessoas que geram renda com esses resíduos, que são os catadores e que agora, por exemplo, precisam se submeter ao aterro sanitário, à toda aquela insalubridade, a doenças, pra catarem o resíduo que pode sair da nossa casa limpo, que pode sair das escolas e universidades, limpo, que é a coleta seletiva. Se Macapá tivesse instalada coleta seletiva nas universidades, instituições públicas, praças, empresas, nós teríamos uma consciência maior da população”, finalizou Marília.