Com perito renomado, defesa de policiais diz que é boicotada; delegado nega

Caso ocorreu no município a 17 km da capital do Amapá. Coletiva de imprensa ocorreu em um hotel de Macapá.
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

A defesa dos seis policiais militares acusados pelas mortes de três pessoas em Santana trouxe o perito criminal Ricardo Molina, da Universidade de Campinas (Unicamp), para estudar e analisar o caso, buscando elucidar os fatos ocorridos naquela sexta-feira, 10 de setembro, no Bairro da Fonte Nova.

Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta quinta-feira (18), em um hotel da capital amapaense, os advogados apresentaram impressões iniciais e a defesa reclamou estar sofrendo um boicote por falta de acesso às investigações realizadas pela 1ª delegacia de Polícia Civil de Santana.

Na abordagem policial, os comerciantes Helkison José da Silva do Rosário, de 38 anos, seu enteado, Rafael Almeida Ferreira, de 19, e o cirurgião dentista e motorista de aplicativo Igor Ramon Cardoso Lobo, de 28 anos, foram mortos à tiros.

Cícero Bordalo Júnior, Cícero Bordalo Neto e o perito forense disseram que o caso está longe de solução, pois não se sabe o que realmente ocorreu. Além disso, laudos importantes, como a perícia de local ou o residuográfico, não foram realizados ou ainda não foram disponibilizadas para a defesa dos acusados.

Também, a denúncia que deve ser ofertada ao Ministério Público do Amapá contra os seis policias – que ficaram presos por um período e hoje estão em liberdade –, sequer foi ofertada pela Polícia Civil ainda. Em suma, os advogados alegam não saber do que estão realmente defendendo os seus clientes.

Perito Ricardo Molina visitou…

… o local do ocorrido…

… fez estudos…

… e os apresentou na…

… coletiva de imprensa. Fotos: Marco Antônio P. Costa/SN e Assessoria de Comunicação do Escritório Bordalo & Advogados Associados

“Um dos faccionados que foram presos, que estava baleado e se encontrava no Pronto Socorro, fugiu do Pronto Socorro com o nome trocado, ou seja, a Polícia Civil não colocou segurança para que esse faccionado prestasse depoimento perante o juiz de direito. Isso me entristece, porque esse faccionado, ele conhece a verdade dos fatos, o nome dele real é Patrick [Patrick Moraes dos Santos](…) e nós estamos agora a ver navios em busca da verdade que só ele sabe”, declarou Cícero Bordalo Júnior.

À esta afirmação, o delegado responsável pelo caso, Victor Crispim, respondeu, questionado pelo Portal SelesNafes.com, que ele deu cumprimento ao mandado de prisão contra Patrick no mesmo dia em que realizou a oitiva no hospital e que a Polícia Civil comunicou à autoridade judiciária e ao Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen) para que a realizassem a custódia do preso acamado, o que estava sendo realizado por policiais penais.

Bordalo Neto, advogado de defesa

O delegado ressalta que não cabe à Polícia Civil realizar a custódia de presos que estejam em tratamento médico em hospitais. Crispim disse ainda que Patrick está detido no Iapen.

Falta de acesso

Segundo a defesa, os advogados não conseguem ter acesso a todos os documentos, aos vídeos, áudios e demais provas que estão na delegacia de Santana.

Quando solicitam cópias do inquérito policial e das investigações, o delegado enviaria apenas uma parte do que está investigando para o email do advogado, sem enviar os vídeos que ele possui, deixa de mandar áudios que um outro delegado de Santana estaria investigando e que, portanto, estaria ocorrendo o que Bordalo classificou como boicote.

Bordalo: “Está havendo um boicote generalizado contra a defesa dos policiais por parte da Polícia Civil do município de Santana”

“Está havendo um boicote generalizado contra a defesa dos policiais por parte da Polícia Civil do município de Santana, em especial pela 1ª Delegacia de Polícia”, asseverou o advogado.

Molina

O perito Ricardo Molina informou que esteve no local do crime na quarta-feira (17) e que realizou a medição do local, fotografou e coletou informações iniciais.

“Pra mim, o importante ali é tirar medidas, saber onde a viatura estava, saber onde a testemunha que diz que filmou a cena ‘a’ e a cena ‘b’ estava, se realmente daquela distância seria possível ver alguma coisa, entender melhor o local, a topografia do local. Eu mesmo tinha uma ideia pelos vídeos que aquele local fosse muito maior do que realmente é, quando você chega lá é tudo muito apertado, a coisa aconteceu num espaço muito pequeno. A partir desses relatos é que eu vou fazer uma reconstituição em computação gráfica”, declarou Ricardo Molina.

Molina: “vou fazer uma reconstituição em computação gráfica”

Delegado Crispim

Victor Crispim respondeu às afirmativas de defesa dos policiais através de nota enviado ao Portal SN, que segue na íntegra.

“Os autos da investigação estão à disposição da defesa com todas as diligências até o presente momento realizadas.

Portanto, o fato do advogado de defesa dizer que não está tendo acesso aos autos não condiz com a verdade. O que acontece é que desde o início das investigações o Sr. Cícero Bordalo não compareceu uma única vez pessoalmente para saber do andamento do inquérito. Caso o fizesse, saberia que os laudos de local de crime; nas armas apreendidas e outros ainda não foram entregues pela Politec. O único laudo que foi entregue pela Politec foi o Necroscópico.

No dia 22 de novembro e no dia 29 de novembro será realizada uma reprodução simulada dos fatos, a fim de esclarecer alguns pontos. Os militares, investigados, serão intimados, por seu advogado, para participarem da perícia”, diz a nota de Crispim.

Seles Nafes
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