A já tradicional chuva que cai sobre Macapá no Dia de Finados chegou nas primeiras horas da manhã desta terça-feira (2). Mais tarde deu lugar ao sol característico do nosso lugar quente e úmido.
Depois de dois anos fechados para visitação pública no 2 de novembro, os cemitérios da capital receberam milhares de pessoas para homenagear seus entes queridos que já partiram.
A pandemia de covid-19 que ceifou a vida de quase dois mil amapaenses, faz com que o feriado seja ainda mais sentido e a morte, encarada de forma distinta por diversas religiões, doutrinas e filosofias, gera uma reflexão peculiar.
Ana Simone de Jesus dos Santos, de 51 anos, perdeu a mãe há 12 anos e o pai há pouco mais de 1 ano. Ela estava no cemitério Nossa Senhora da Conceição, no Centro de Macapá, meditando concentrada na frente do túmulo dos seus pais ao som de alvoroçados periquitos que pareciam reger e executar a trilha sonora das homenagens póstumas.
“É uma saudade que não tem tamanho, parece que foi ontem. Eles eram unha e carne. Eles sempre foram muito batalhadores na vida, então essa homenagem pra mim é fundamental. É dolorido? É. Mas essa homenagem não é de hoje, eu sempre venho aqui. Como houve a oportunidade de vir esse ano, vim orar, para que tenham o descanso eterno, que Deus conforte nossos corações e que dê a eles o descanso tão merecido. Eles foram pais maravilhosos”, declarou, emocionada, Simone.
Movimento
O movimento foi ainda mais intenso no Cemitério São José, no Bairro Santa Rita, o maior de Macapá.
Milhares de pessoas – e nossa reportagem não viu nenhuma delas sem máscara –, foram até o local para homenagear seus parentes falecidos.
Os ônibus circularam com 100% da frota e com tarifa social de R$ 1,85, segundo informou o sindicato patronal dos transportes urbanos de passageiros. A Guarda Civil de Macapá e a Polícia Militar garantiram esquema de segurança e organização.
Segundo um funcionário da zeladoria urbana de Macapá, que cuida dos cemitérios da cidade, ao menos 150 mil pessoas devem circular pelos cemitérios em todo o dia de hoje.
Os ambulantes, aproveitaram para ganhar um dinheiro a mais e tentarem sair um pouco do sufoco de épocas de crise econômica.
“Aqui minha especialidade são flores, arranjos de flores em vasos, mas também vendo velas e estou contente com o movimento até agora. Eu vendo no dia de finados há 15 anos, e esse é um dos maiores movimentos que já vi, até porque não funcionou nada dos dois últimos anos. Aqui, já vou garantir a roupa das crianças para o natal e garantir meu ano novo”, comemorou o ambulante Gleydson Silva Araújo, de 33 anos.
Nenhuma intercorrência grave havia sido registrada até o fechamento desta edição, de acordo com informações da PM.