Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
Três dias após o temporal que caiu em algumas regiões do Estado do Amapá, ainda se contam os prejuízos deixados pelas fortes chuvas.
Muitas famílias moradoras de áreas de pontes, especialmente as da zona sul de Macapá, ainda estão se recuperando e separando o que ainda dá para aproveitar do que será jogado fora de vez.
Eles estão aguardando a água baixar, a energia elétrica retornar e começando a limpeza de suas casas e reparos dos estragos causados. Muitas casas, ainda estão vazias, pois ainda não houve condições de retorno. O inquietante fato é que mais de 72 horas após o chuvoso sábado (20), a vida de muita gente não voltou ao normal.
Este é o caso de Maria Rosenilda Tenório, de 44 anos. Ela é empregada doméstica, mas está desempregada atualmente. Sua casa, na ponte da rua Saturno, no Bairro Jardim Marco Zero, na zona sul da cidade, ficou debaixo d’água.
As camas molharam, assim como geladeira, máquina de lavar e fogão. Os móveis de placa de Fibra de Média Densidade, os chamados MDF,s, são bastante frágeis e não podem ter contato com água. Armários e guarda roupas não resistiram e os que não entornaram de vez, parecem estar no processo.
A ponte que dá acesso a sua residência já está com a água quase completamente abaixo do seu nível, mas ainda há trechos que não há outra forma de passar que não meter os pés na água. Na entrada da ponte, é água e lama e lixo de casa e também de vários MDF’s, sofás e urubus.
Ali próximo, trabalhadores terceirizados da CEA tentavam, no fim da tarde desta segunda-feira (22), restabelecer a energia elétrica das pontes, passando um cabo de média tensão por sobre as casas e também pela água que ainda não havia escoado completamente.
Uma vizinha pedia à outra um balde emprestado, enquanto um senhor descartava o que parece ser restos de uma cama. No meio de tudo isso, crianças brincavam na beira do lago, e contam que apareceram muitas cobras nos últimos dias.
Não é um cenário de guerra, mas é um cenário de uma tragédia que atingiu milhares de amapaenses, quase que exatamente após um ano do martírio que foi o apagão de 2020.
A Secretaria de Assistência Social de Macapá (Semas) prometeu ajudar, estando ainda no período de mapeamento.
A Defesa Civil do município prometeu ao Portal SN estimar, nesta terça-feira (23), um número aproximado e mais detalhado do total de atingidos, mas sabe-se que são milhares e que as áreas de pontes da zona sul, assim como da beira do canal do Beirol, foram muito afetadas.
Maria não dormiu em casa com seus dois filhos e a mãe. Não tinha como e ainda não há, pois o cheiro de mofo tomou conta de todo o úmido recinto com camas encharcadas.
“Perdi tudo. Geladeira, freezer, sofá, cama, estante, roupa. Tudo, fiquei sem nada. Dormi na casa de um conhecido, porque as cobras estavam entrando pra dentro do quarto”, declarou Maria.
Este é apenas um dos casos que o Portal SelesNafes.com teve acesso e a situação de milhares de outras pessoas é similar.
Quem quiser ajudar Maria e sua família ou também seus vizinhos de ponte que, aliás, também precisa de reparos, pode ligar para o telefone (96) 99201-5631.