Análise laboratorial confirma cianeto em igarapé de Pedra Branca, diz prefeitura

A presença da substância foi confirmada por um laboratório de fora do Amapá, sediado em Belo Horizonte (MG).
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

A desconfiança de diversos ribeirinhos dos igarapés Xivete e Silvestre, em Pedra Branca do Amapari, município localizado a 189 Km de Macapá, de que seria cianeto o provável causador da mortandade de mais de 2 toneladas de animais na região, foi confirmada por um laboratório de Belo Horizonte (MG).

A Fundação Ezequiel Dias (Funed), um instituto de pesquisas e tecnologia, atestou a presença do composto químico nas amostras de água coletadas do Igarapé do Areia, o que os moradores locais apontavam como sendo de onde veio o caminho da morte de peixes e pequenos mamíferos – como lontras –, passando para outros igarapés e chegando ao Rio Amapari.

O Igarapé do Areia tem sua cabeceira coincidindo com as instalações da mineradora canadense Mina Tucano, que, nas reportagens anteriores sobre o caso feitas pelo Portal SelesNafes.com, informou utilizar o cianeto no seu processo de extração do ouro, no entanto, negando qualquer tipo de acidente ou vazamento em sua operação.

Após o resultado da amostra, informada pelo secretário de meio ambiente de Pedra Branca do Amapari, Raphael Araújo, o Portal SN entrou novamente em contato com a assessoria de comunicação da Mina Tucano e aguarda pronunciamento da empresa.

Igarapé do Areia, onde tudo teria começado. Fotos: Arquivo/SN

Local onde Igarapé do Areia atravessa a Estrada do Taperebá

Quanto aos moradores, Arnaldo Almeida e Terezinha dos Santos, contataram que, ainda nesta quarta-feira (15), havia um forte cheiro em seus igarapés, como se alguém tivesse colocado um produto para “limpar a água de outro produto que foi despejado anteriormente” – disseram desconfiados.

Seu Arnaldo diz ter dores de cabeça por conta do forte cheiro, que ele associa, por lembrança sensorial, ao DDT, o Dicloro-Difenil-Tricloroetano, substância que foi bastante utilizado pela extinta Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (Sucam), órgão federal, especialmente na década de 1980.

Morador mostra poraquê achado morto

Trairão morto no Amapari

Moradores Arnaldo Almeida e Terezinha dos Santos desconfiam que um produto para “limpar a água de outro produto foi despejado”

Dona Terezinha contou que recebeu três frangos como ajuda, cestas e água mineral. Ela e seus vizinhos ainda não puderam pescar. Ainda não há peixes grandes em seus igarapés, apenas as pequenas piabas que vem das grotas.

“Os moradores do Xivete estão recebendo assistência social, monitoramento em saúde, a gente está monitorando o igarapé, eles estão recebendo água mineral, proteína, cestas básicas e essa rotina é semanal”, declarou o secretário Raphael.

A Prefeitura de Pedra Branca do Amapari informou, também, que desde o dia 7 de dezembro a coleta e distribuição de água da cidade, na área urbana, voltou ao normal, ou seja, a ser captada do Rio Amapari.

Foto de capa: Divulgação

Seles Nafes
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