Chef de cozinha vai da humilhação à gratidão

O chef de cozinha reencontrou os militares que lhe resguardaram e conduziram até em casa, no perigoso horário da madrugada após o trabalho.
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Por RODRIGO ÍNDIO

Madrugada do último dia 11. Por volta da 1h, o chef de cozinha Agenor Neves de Barros Júnior, de 32 anos, largava mais um plantão em um restaurante localizado na Avenida FAB, no Centro de Macapá.

O destino era sua casa no Bairro Novo Horizonte, na zona norte da capital. Mas, durante o trajeto, em uma curva nas proximidades da Ponte Sérgio Arruda, no Bairro São Lázaro, a sua motocicleta simplesmente parou.

Com medo de ser assaltado, o trabalhador empurrou o veículo até uma área mais iluminada para tentar identificar o problema.

Foi quando apareceu uma viatura da Polícia Militar. Agenor logo ficou apreensivo, pois afirma já ter passado “maus bocados” em abordagens policiais.

“Eu tinha uma grande tristeza com a PM, que por várias vezes me parou na rua de casa sem motivos, talvez por ser negro ou por morar boa parte da vida, cerca de 30 anos, lá na Baixada da Acre [bairro Pacoval], e me tratavam como bandido e era humilhado sem motivo algum”, alega.

Chef de cozinha Agenor Neves de Barros Júnior diz que uma atitude pode mudar opiniões e transformar pessoas. Fotos: Arquivo Pessoal e Reprodução

Desta vez, após anos, a atitude foi diferente.

“Eles desceram dela [viatura] e eu dei boa noite, eles foram super educados. Perguntaram o que foi. Eu disse. Depois, falei que ia levar ela [moto] pra casa dos meus pais, que fica no Pacoval. Os mesmos falaram: então vamos. Dois policiais foram caminhando comigo e uma policial foi dirigindo a viatura”, detalhou.

O chef de cozinha guardou a moto. Os policiais então perguntaram se ele queria ajuda para chegar em sua casa e foi convidado a entrar na viatura para receber uma carona. Mesmo surpreso, não pensou duas vezes e seguiu em segurança para sua residência.

“No caminho conversamos muito e os mesmos foram super educados. Falei que era chef de cozinha e saia sempre aquele horário. Por coincidência um deles era cliente de lá. Eu ofereci burguers e pratos a eles como forma de agradecimento e o responsável da guarnição falou que não precisava porque o serviço deles era dar segurança à população”, relatou o trabalhador.

A atitude deixou Agenor sem palavras. Pela manhã, ele usou suas redes sociais para contar o ocorrido e levantar a bandeira de que uma atitude pode mudar opiniões e transformar pessoas.

Guarnição do Batalhão de Policiamento de Trânsito resguardou o trabalhador

Mesmo não sabendo dizer a que batalhão pertencia a equipe, o chef de cozinha disponibilizou um vídeo em que aparece a viatura. Os policiais só saem da casa após o rapaz entrar em segurança.

O Portal SN identificou que se trata de uma guarnição do 9° BPM, o Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran), que o trabalhador diz ser eternamente grato.

Encontro

Agenor reencontrou os policiais, que o procuraram para devolver a sua mochila, que havia esquecido dentro da viatura

Na noite da última terça-feira (14), Agenor reencontrou os policiais, que o procuraram para devolver a sua mochila que havia esquecido dentro da viatura. A equipe policial foi até o local de trabalho dele e devolveu os pertences. Foi a oportunidade que ele queria para agradecer o apoio do encontro anterior.

Seles Nafes
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