Espetáculo retrata primeiros colonizadores no Rio Amazonas

Serão duas apresentações, no sábado e domingo, dias 18 e 19, no Teatro Marco Zero, localizado no bairro Perpétuo Socorro, na zona Leste de Macapá.
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Com muito humor, o grupo artístico amapaense, Frêmito Teatro, fará neste final de semana duas apresentações em ensaio aberto do espetáculo “A Descoberta do Rio das Amazonas”.

O trabalho é um olhar sagaz sobre a mais conhecida viagem de exploração da Amazônia colonial, iniciada em 1542, quando o espanhol Francisco de Orellana levantou âncoras nas proximidades dos Rios Coca e Napo, que margeiam o Equador, e rumou pelo Amazonas, encontrando diversos povoados indígenas.

Serão duas apresentações: no sábado (18), e no domingo (19), no Teatro Marco Zero, localizado no bairro Perpétuo Socorro, na zona Leste de Macapá, com lotação máxima de 60 pessoas – 50% da capacidade, respeitando decretos governamentais e os protocolos de segurança contra a Covid-19 – e no formato ‘pague quanto puder’.

A releitura resgata registros de narrativas históricas das primeiras navegações empreendidas por Orellana, cuja viagem foi relatada através dos escritos do Frei Gaspar de Carvajal, que o acompanhou no percurso.

A expedição partiu em 1542 de Quito, descendo a Cordilheira dos Andes e acompanhando os afluentes do Rio Amazonas até sua foz, próximo de onde se localiza a cidade de Macapá.

Tudo é retratado com ironia, desde o próprio título em cartaz, que questiona a ideia de descoberta em uma região que já era habitada, e discute sobre o mito de que, ao chegarem na região, os colonizadores teriam encontrado pelo caminho guerreiras indígenas a quem chamaram de Amazonas. Entretanto, não há nada de concreto que comprove esse encontro, tratando-se de uma grande “fake news” criada por europeus.

Os atores Wellington Dias e Raphael Brito protagonizam composições fortes, que exigem expressões corporais intensas. Fotos: Ianca Moreira

Com a liberdade criativa que o teatro permite, o diretor Otávio Oscar conta que a narrativa desconstrói a imagem do colonizador chique, intocável, poderoso, cheio de firulas, que marca o imaginário popular.

O enredo, ainda em construção, se propõe reflexivo e passeia por linhas de tempos múltiplas, do passado ao presente.

“Retratamos esses colonizadores como personagens grotescos, sujos, sanguinários e ambiciosos, homens que na floresta se depararam com todo tipo de situação: fome, exaustão, calor, batalhas. Temos também a figura dos nativos, que são atualizados para se pensar a colonização dos dias atuais. Tudo isso amarrado em diálogos ácidos, cômicos e trazendo situações do presente, como a política, a crise econômica e as vivências urbanas da Amazônia”, diz.

 

Em cena, os atores Wellington Dias e Raphael Brito dão vida aos personagens. Eles protagonizam composições fortes, que exigem expressões corporais intensas, sempre com um texto afiado.

Os integrantes vão apresentar o espetáculo em um ensaio aberto, que possibilita ao grupo ouvir a opinião do público, tanto sobre a performance dos seus integrantes como a respeito da temática proposta. O debate com o público ocorrerá ao final da apresentação. A dinâmica é uma estratégia pra compor o texto final da peça.

Intercâmbio internacional

O projeto é uma criação em intercâmbio internacional com o grupo El Derrumbe Teatral, de Quito Equador, e conta com apoio do IBERESCENA – Programa Iberoamericano de Cooperação para as Artes Cênicas, fundo que reúne 17 países, inclusive o Brasil, para o fomento de coproduções entre artistas destas diferentes nacionalidades, sendo o Frêmito o primeiro grupo amapaense a ser contemplado na seleção.

Seles Nafes
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