Por SELES NAFES
As primeiros amostras de água coletadas no Rio Amapari, no município de Pedra Branca do Amapari, a 180 km de Macapá, deram negativo para a presença de cianeto. Mesmo assim, após o surgimento de mais animais mortos na região, a prefeitura decidiu manter suspenso o abastecimento de água à população.
As amostras foram coletadas pela Polícia Técnica do Amapá (Politec) no último dia 30, depois que moradores registraram uma grande mortandade de peixes em dois igarapés conectados com o Rio Amapari, no último dia 27 de novembro. Uma grande mineradora explora ouro na região, mas ainda não há confirmação de um suposto vazamento de produtos como moradores e gestores da prefeitura especularam.
Seis amostras foram coletadas pela Politec em três pontos, sendo duas no Igarapé Xivete e uma perto da estação de captação de água da prefeitura que abastece a cidade. Elas foram enviadas para um laboratório certificado pelo Inmetro em São Paulo, e especializado em análise de metais e outras substâncias tóxicas. O resultado ‘ND’ para cianeto significa ‘não detectado’.
No entanto, a prefeitura emitiu uma nota à população esclarecendo que o resultado não oferece de garantia de consumo seguro da água, já que outras análises laboratoriais só devem ficar prontas dentro de 20 dias.
“Diante da situação, acreditamos que a suspensão do uso da água do rio Amapari, mesmo que tratada, é condição que se impõe por se tratar da vida humana, aja vista que em diferentes pontos do rio ainda estão sendo encontradas espécies mortas de peixes, répteis e mamíferos aquáticos”, informou a prefeitura de Pedra Branca.
O município, onde moram mais de 17 mil pessoas, pediu ajuda do governo do Estado e do governo federal para que haja o monitoramento contínuo das águas do Rio Amapari e uma investigação profunda.
“Entendemos que sem essas garantias técnicas a normalização da captação de água no município continuará sendo uma decisão de alto risco à saúde da população, pela qual a prefeita Beth Pelaes, como gestora municipal, tem o dever de zelar”.
Abaixo, leia a nota da prefeitura na íntegra
No dia 27 de novembro de 2021 ocorreu, ainda por causas desconhecidas, a mortandade de peixes localizados em tributários do Rio Amapari.
Preventivamente, e com o dever de zelar pela saúde da nossa comunidade, optamos pela desativação da captação para tratamento e distribuição da água do município, situação que perdura até o presente momento, devido à inconclusão das análises laboratoriais nas amostras coletadas da água. Ressaltamos que testes de detecção da substância química cianeto foram realizadas em laboratório terceirizado pelo estado e atestaram negativamente para a presença dessa substância, conforme relatório da Polícia Técnico Científica do Amapá (Politec-AP), mas o mesmo parecer não oferece garantias técnicas quanto ao retorno da captação da água, tendo em vista que as análises laboratoriais fora do estado ainda não foram concluídas, estimando-se para isso o prazo de 20 dias, conforme informações da Politec.
Diante da situação, acreditamos que a suspensão do uso da água do rio Amapari, mesmo que tratada, é condição que se impõe por se tratar da vida humana, aja vista que em diferentes pontos do rio ainda estão sendo encontradas espécies mortas de peixes, répteis e mamíferos aquáticos.
Neste momento, não há o oferecimento de garantias técnicas para que o abastecimento de água seja normalizado, o que impõe ao município uma situação de calamidade pública já que a água é um bem imprescindível à vida. Diante disso, recorremos ao Governo Federal, Governo do Estado e aos Órgãos de Controle, em caráter de URGÊNCIA, para que os laudos de qualidade da água sejam realizados por laboratórios acreditados pelo INMETRO, e que seja mantido o monitoramento periódico de pontos a montante da captação de água, enquanto se investiga as causas e abrangência dos impactos ambientais que estão afetando a fauna e possivelmente a água da Bacia do Rio Amapari.
Entendemos que sem essas garantias técnicas a normalização da captação de água no município continuará sendo uma decisão de alto risco à saúde da população, pela qual a prefeita Beth Pelaes, como gestora municipal, tem o dever de zelar.