fértil quintal: câmera na mão, ideia na cabeça, guitarras e uma caixa de marabaixo

Produção passeou nas paisagens amapaenses, de Serra do Navio à Fortaleza de São de José de Macapá.
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

Um grupo de amigos, com um pouco menos ou um tanto mais do que 40 anos de estrada, resolveu colocar para fora a música que já existia dentro de cada um. Se chegaram até aqui, pensaram “por que não fazer um clipe?”.

Assim, como os precursores do Cinema Novo, os aspirantes à Glauber Rocha gravaram não uma terra em transe, mas um fértil quintal nas paisagens amapaenses, de Serra do Navio à Fortaleza de São de José de Macapá.

O clipe foi lançado no final de semana passado e arrancou elogios do underground macapaba. No entanto, além disso, também não faltou quem não dissesse que Leal Cajari, autor da letra e música junto com Ruan Patrick, estava escondendo o jogo esse tempo todo.

Ao ser perguntado sobre sua timidez em aparecer na cena musical anteriormente, ele brincou de forma bastante leal: “Eu também não sabia. Sacanagem”.

Clipe faz alusão ao …

.. modelo predatório da exploração mineral no Amapá…

.. que deixou uma herança….

… de pobreza ao estado. Fotos: Divulgação

Mas era um pouco verdade. Leal contou ao Portal SelesNafes.com que começou a fazer alguns textos, depois começou a chamá-los de poesia. Não contente, quis musicá-los e, depois disso, quis que mais pessoas os conhecessem. Ele está feliz com as parcerias e com a recepção das pessoas até aqui.

“Eu tô me sentindo muito contente e emocionado com a receptividade que esse trabalho está tendo, com a forma que as pessoas estão recebendo, tá sendo surpreendente pra mim. E isso está me fazendo crer que é possível dar continuidade a esse trabalho. Na verdade, eu não sou um cantor, né? Eu não sou um cantor profissional.  Eu sou alguém que interpreta, coloca pra fora algumas ideias que eu tive e, na coragem, fazendo história”, contou Leal.

O rock, um bem pós-punk experimental com vocação para o pop e caixas de marabaixo foi o som escolhido. A temática, trouxe a indignação dos oitentistas, que não se renderam.

Filmagens passaram…

… por antigos caminhos da mineração no Amapá…

.. até a Fortaleza de São José de Macapá

A fértil quintal (que se escreve necessariamente com iniciais minúsculas) não é uma banda, uma música apenas ou um clipe. É um projeto musical que reúne gente bacana.

A alusão e a denúncia do modelo predatório da exploração mineral no Amapá estão no centro da realidade que o projeto quer expor, mas sem panfletarismos.

O clipe tem muito da concepção de Carlos Haussler, o Alemão. Ele o pensou, foi o seu diretor de fotografia e dividiu o roteiro com o cartunista Ronaldo Rony, já veterano de experimentações artísticas das mais diversas.  Assista ao clipe de fértil quintal:

“O roteiro em colaboração com Ronaldo Rony, chegou na concepção visual do trabalho apresentado, do que seria interessante abordar como fundo e como elemento subliminar por trás da canção. Estou otimista com relação ao trabalho, com o impacto que terá na vanguarda. Foi um trabalho feito com muita garra e dedicação, há de gerar bons frutos no futuro. Não há pretensões comerciais com o projeto sonoro fértil quintal, é mais uma experiência que agrego no mundo audiovisual e que aproveitamos para produzir alguma coisa juntos, ao lado dos amigos e outros parceiros da música, da fotografia, da poesia e etc.”, declarou Alemão.

Leal está feliz com as parcerias e com a recepção das pessoas até aqui

Parcerias

Como não cometeu o fértil quintal profissionalmente, mas com profissionalismo e não sozinho, Leal carrega consigo a vontade de citar todo mundo que contribuiu de alguma maneira: Cássia Modesto, Pat Andrade, Lia Borralho, Genário Dunas, Paulinho Bastos, Ppeu Ramos, Elysson Perera, Fábio Fernandes, Débora Bararuá, Érmeson Freitas e, as parcerias familiares: Davi Borralho, filho do Leal e Pedro Rodrigues, editor, filho do Ronaldo Rony.

fértil quintal é um projeto musical que reúne gente bacana

“A ideia nessa letra e música é fugir do convencional. A ideia do projeto fértil quintal, à exemplo dessa música, é trabalhar em cima da realidade. É pegar a realidade, transformar ela em poesia, transformá-la em música e fazer o barulho. Fazer música e fazer algo, como diria Chico Science, algo que soe bem aos ouvidos”, finalizou Leal.

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