Por RODRIGO ÍNDIO
Pela 3ª semana consecutiva, familiares e apoiadores da causa autista no Estado se manifestaram em frente do Palácio do Setentrião, sede do Governo do Amapá, em Macapá.
A principal pauta é a falta de médicos especializados para atender autistas na rede pública do estado. Segundo os manifestantes, há uma lista de espera na rede Siac/Super Fácil de cerca de 1,3 mil crianças em busca de atendimento.
Fábio Gonçalves, é autista, pai de dois filhos também autistas e presidente da ONG Constelação Azul. Ele diz que o serviço oferecido pelo GEA é insuficiente. Por isto, a reinvindicação é que sejam contratados neurologistas, neuropediatras e psiquiatras.
“No estado só está funcionando o Nande (Núcleo de Avaliação do Neurodesenvolvimento), que é quem cuida da investigação e diagnóstico. Mas, nossa demanda é muito maior. Porque têm crianças que já estão na investigação, já tem um diagnóstico, mas precisam retornar. O Nande precisa atender o autista a vida inteira, não só até os 10 anos”, disse.
Além disso, também existiria a demanda por terapeutas para o atendimento de pessoas autistas de diferentes idades, incluindo adultos.
“O autismo é uma condição para a vida inteira. O tratamento do autista são terapias e muitas das vezes diárias, mas hoje nenhuma família consegue nem na rede pública municipal ou estadual atendimento as terapias. Então, precisamos que o governo viabilize de maneira imediata a contratação de profissionais que trabalham na rede”, acrescentou Fábio Gonçalves.
Os organizadores do ato garantiram que a manifestação não é político-partidária e que só busca por direitos. Participam do movimento 7 dos 8 grupos e instituições que representam os autistas. São eles, a ONG Constelação Azul, Associação Santanense de Pais e Amigos dos Autistas, Onda Autismo, Bloco do Abel, AMA Azul, Universo Azul e Amigos de Luta.
No ato, os manifestantes ressaltaram que uma criança com autismo sem o acompanhamento médico e terapêutico pode regredir saindo do grau 1 (leve) para um grau severo, se tornando uma pessoa dependente.
Com acompanhamento adequado uma criança com grau severo pode chegar ao grau leve e ser uma pessoa independente. Os pais afirmam estarem indignados por verem seus filhos regredindo. Isso que eles buscam também expor para a sociedade.
Uma dessas mães é a professora Francilene Vaz, de 38 anos. Ela, que é autista, se emocionou ao falar pelos filhos, Poliana e Francisco, de 7 e 4 anos, que também têm o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
“Dói, dói muito. Dói ser autista no estado do Amapá. Dói ser mãe de autista e não ter atendimento e acompanhamento terapêutico. Nos faz chorar, nos faz entrar em depressão. Estou em tratamento, tentei suicídio duas vezes porque é desesperador demais. Dói, dói, dói. Se às coisas tivessem funcionando não precisaria estarmos aqui. Só queremos ser respeitados e valorizados”, desabafou.
O ato seguirá na próxima semana. Já na véspera de Natal, os manifestantes estarão acampados no mesmo local. Eles garantem que a manifestação só irá parar quando houver o anúncio de contratação de médicos e terapeutas e onde o serviço será oferecido.
O portal SelesNafes.com entrou em contato com o Governo do Amapá que não se posicionou sobre o assunto até o horário de publicação desta matéria.