‘As ações é que desacreditam o político’, diz ex-promotor que busca partido para se filiar

Afonso Guimarães, que chefiou grandes operações contra políticos corruptos, pode se candidatar ao parlamentar e busca um partido para se afiliar
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Por SELES NAFES

Um dos nomes mais conhecidos do combate à corrupção no Amapá, o promotor de justiça Afonso Guimarães, acaba de se aposentar após décadas de Ministério Público e de centenas de ações penais, a maioria contra políticos. Ele conseguiu a prisão de muitos, mas outros vêm conseguindo ganhar sobrevida graças à quase interminável possibilidade de recursos do Brasil. Agora, o ex-chefe de operações como Eclésia e Caminhos de Ferro, que investigaram o desvio de milhões da Assembleia Legislativa, quer ter uma cadeira dentro do parlamento. 

O promotor aposentado surfa numa onda de renovação dos quadros políticos iniciada em 2018, quando ex-membros do Judiciário, MP e polícias em todo o Brasil entraram para a política e foram eleitos.

No Amapá, além dele, outros nomes seguem essa mesma vibe, como o ex-promotor Adilson Garcia e a ex-desembargadora Sueli Pini, que se filiaram ao PSC e ao PRTB, respectivamente. O Portal SelesNafes.Com conversou com Afonso Guimarães.

O senhor vai mesmo entrar na política?

Estou analisando. Se eu encontrar um partido que aceite minhas ideias, irei disputar as eleições.

2017, entrevista ao SNTV após a Operação Caminhos de Ferro. Fotos: Arquivo/SN

Por que tomou essa decisão?

Porque considero a política um meio pelo qual é possível fazer as transformações necessárias capazes de colocar o poder público a serviço das pessoas e não o contrário, como tem sido ao longo da história da República, onde o povo, embora sustente uma máquina extremamente pesada, sempre fica em segundo plano.

O senhor vai usar o combate à corrupção como carro-chefe do discurso em busca de votos?

O combate à corrupção deve ser o pilar de toda atuação política. Partindo desse princípio, a busca por recursos públicos em apoio ao estado e municípios, por exemplo, fica muito mais eficiente, pois não haverá por parte do político a prática da propinagem.

Como seria a sua atuação como parlamentar?

Uma atuação política poderá ser alicerçada em 3 frentes: combate à corrupção, aprimoramento da legislação criminal brasileira e captação de recurso para estado e municípios (sem cobrança de propina).

Promotor de Justiça Afonso Guimarães, e o então procurador Márcio Augusto Alves. Foto: Seles Nafes

Com quais partidos está conversando para se filiar?

Com alguns. Nota do editor: existem conversas bem adiantadas com o PTB

Quantos anos o senhor passou no MP?

Quase 20 anos de MP

Que lições tirou?

Aprendi muita coisa, especialmente que o MP deve se dedicar ainda mais ao combate à corrupção.

O senhor colecionou vários desafetos durante os processos criminais que moveu. Em algum momento o senhor terá que se relacionar com alguns deles. Como o senhor espera lidar com isso?

Nunca deixei o meu trabalho como promotor de Justiça penetrar nas questões pessoais dos investigados ou processados, de modo que não tenho nenhum problema com eles. O respeito é uma via de mão dupla. Quem respeita merece respeito.

Por certo, que eu buscarei me relacionar politicamente com aqueles que tem o interesse público como balizador das suas ações.

Por que se tornar político, um agente público tão desacreditado pela população?

Não é a política que torna o político desacreditado pela sociedade, é a sua maneira de atuar. Se o político colocar o interesse público na frente das suas ações, ele será respeitado.

Seles Nafes
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