Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
Não se trata de inveja e, ao contrário, trata-se de um exemplo a ser seguido e de se olhar para a frente. A vida e o desenvolvimento são assim e o próprio James Webb recém lançado ao espaço, é uma prova disso.
O mega telescópio, uma das parceria das Agências Espaciais Americana (Nasa) e Europeia (ESA), foi lançado de Kourou, há 500 e tantos quilômetros de Macapá, no dia de Natal, 25 de dezembro.
O lançamento é um feito dantesco, assim como tudo que envolve o James Webb. Após viajar por cerca de 1 mês, o telescópio que custou 10 bilhões de dólares, ou 52 bilhões de reais, poderá captar imagens do universo a que jamais o homem teve acesso. Ele é, pelo menos, 8 vezes superior do que o mais potente telescópio até então existente, o Huble.
Por que um projeto tão importante teve o lançamento, que é um ponto crucial, feito do pequeno departamento além mar francês na América do Sul, nossa querida e tão conhecida Guiana Francesa? Por causa da geografia, centralmente.
É por estar próxima à Linha do Equador que a base de Kourou foi escolhida. Não é bem a minha praia, mas busquei saber. Em síntese, lançar um foguete da linha do equador faz com que o “rocket” ou o “fusée” – tradução de foguete em inglês e francês, respectivamente – ganhe mais velocidade em menos tempo e ainda economize combustível.
Os cientistas chamam isso de “efeito estilingue”, porque objetos lançados ao espaço da linha do equador locomovem-se – além da propulsão gerada por seus potentes motores – de forma mais rápida, como se fossem atirados por um estilingue.
Ora! Daí para pensar o óbvio, é um pulo: o Amapá, por onde passa a Linha do Equador, é o local perfeito para abrigar a base de lançamento espacial brasileira.
Há que se pensar grande e em curto, médio e longo prazo e o próprio James Webb, como já disse, é prova disso, pois é um projeto de 30 anos, 300 universidades, milhares de pesquisadores e bilhões de expectativas envolvidas.
Se tens, caro leitor, vocação para a pequenez, esse é o momento de abandonar a leitura.
O Brasil pode tornar-se um polo para a América Latina e, diria até mais, para os países do sul como um todo, com a mais “popular” das estações espaciais, com projetos de real relevância para a humanidade, como de pesquisas com medicamentos e alimentos, e não para levar bilionários hedonistas.
Claro que quando penso nisso tenho muito em mente uma saída para o Amapá do futuro, para daqui há 40 ou 50 anos, para meus filhos e netos.
Dentre as indústrias possíveis, uma estação espacial poderia tornar nosso estado um dos mais “científicos” do país, aproveitando e desenvolvendo nossa vocação para a preservação da Amazônia onde estamos e sendo um centro tecnológico especializado, que faria saltar décadas nossas expectativas econômicas e sociais.
“Mas e Alcântara?”, alguém pode perguntar. Nada contra os irmãos maranhenses e sendo solidário com toda a sorte de adventos pensados que fizeram a Base de Alcântara não decolar em seus quase 40 anos de existência: é possível tentar em outro ponto, e, advogo, novamente, nossa melhor localização, com uma diferença pequena em graus, mas simbólica demais em relação à Amazônia em tempos de aquecimento global e tudo mais.
Estou certo de que um projeto novo teria outro impulso e muito mais chances de progredir. Com o perdão da fala caseira, mas é o que opino.
Por fim, mesmo que saibamos que agora a grande tarefa brasileira seja matar a fome de milhões e nos livrarmos do limbo onde nos metemos, é sempre necessário pensar grande, pensar pra frente. Os tempos da pequenez crônica têm que ficar para trás.