Duplo homicídio em Pracuúba: após ser afastado do caso, delegado fala em dossiê e álibi

Delegado César Vieira acredita que bandidos estejam por trás das acusações contra ele.
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Por ANDRÉ SILVA

O ex-titular da delegacia de Pracuúba, delegado Cesar Vieira, falou pela primeira vez depois que foi afastado das investigações do duplo homicídios dos pescadores Gedeão Dias de Oliveira e Elias Penha, de 33 e 34 anos, crime ocorrido no fim de janeiro. Ele diz que muitas inverdades foram ditas, inclusive sobre ele ter um terreno na região.

Há onze anos Vieira exerce a função de delegado no Estado. Além de Pracuuba, cidade onde ocorreu o crime, a 260 quilômetros de Macapá, ele atende as regiões dos municípios de Amapá e Tartarugalzinho.

De lá pra cá, ressalta o delegado “muitas amizades foram conquistadas, assim como muitos desafetos, também”. 

Em entrevista ao Portal SelesNafes.com, o delegado contou sobre a confusão que sua vida se transformou depois da morte dos pescadores. Ele disse que vem preparando um dossiê com provas que demonstram sua inocência no crime, mas não quis dar muitos detalhes sobre o assunto.

Sobre a acusação de ter envolvimento, ele julga como “ridícula”. Segundo ele, essas especulações partem de bandidos e de familiares de marginais que já foram presos por ele, na tentativa de forçarem uma saída sua da região.

Distância entre o local do crime e a sede do município

O dia do crime

Vieira contou que no dia e horário em que testemunhas dizem ter ouvido o barulho dos disparos, o que teria ocorrido entre 23h e 00h do dia 21 janeiro, ele estava no município de Amapá, na companhia de mais duas pessoas. Segundo o delegado, um vídeo de uma câmera do circuito de segurança do banco da Amapá, mostra que ele estava na agência as 22h.

Disse ainda que chegou em Pracuuba por volta de 1h da madrugada. Além do vídeo, ele diz ter documentos fiscais que comprovam que ele estava em Amapá nos dias que os homens estiveram desaparecidos.

Populares retiraram corpos do rio

Quando os corpos foram encontrados, lembra que não se passaram muitos minutos até que as imagens percorressem grupos de whatsapp e junto com elas a narrativa de que ele teria envolvimento com o crime.

“A narrativa teve início depois de 12 minutos que eu estive no local, quando surgiram os corpos e me ligaram. Quando tirei a primeira foto no local do crime para, começarmos os trabalhos, retornando para [a sede do] o município – porque lá fica em área de lago – a mensagem surgiu. Foi muito rápido que apareceu a foto e essa narrativa começou a viralizar. Então, depois disso, começou uma situação alvoroçada e eu estive acompanhando em grupos de whatsapp, facebook: quem mais estava inflamando a situação eram familiares e presos que eu costumo a trabalhar [prender], não só de Pracuuba mas da região toda, falando um monte de situações que não existem, tentando inflamar ainda mais a população”, afirmou o delegado.

Elias e Gedeão teriam sido assassinados com tiros na nuca. Foto: Reprodução/Redes Sociais

Sobre o terreno

Outra narrativa que surgiu foi a de que ele teria um terreno no local próximo de onde os corpos foram encontrados. Segundo os boatos, todos os pescadores precisam passar por dentro da área para ter acesso a uma outra parte do lago e por ser supostamente dono da referida propriedade, teria ficado aborrecido com a presença dos pescadores.

“Não tenho terreno, nem gado. Em nenhum lugar do estado. Só vivo pra trabalhar. Não tenho fazenda, nem búfalo. Nem em nome de terceiros, eu não tenho, porque nunca me motivei a mexer com isso. Foi uma sacanagem que fizeram, ou aproveitando a situação, ou então fizeram na tentativa de forçar minha saída da região”, analisou o delegado.

Por questão de imparcialidade, e por pedido dele próprio – afirmou – Vieira foi afastado das investigações. Atualmente, o caso está com o Departamento de Polícia de Interior e o inquérito está sendo conduzido pelo delegado Sandro Torrinha.

Seles Nafes
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