Professora é acusada de ameaçar engasgar criança em escola de Macapá

Docente tem 36 anos de profissão e defende que não falou sério
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Por ANDRÉ SILVA

Pais de alunos do 4º ano da Escola Municipal Professora Maria Izabel Fernandes, localizada às margens na Rodovia do Curiaú, zona norte de Macapá, estão exigindo a saída de uma professora que supostamente teria ameaçado e achincalhado seus filhos durante uma aula.

Eles dizem que as crianças chegaram em casa relatando que ela grita muito e chegou a dizer que iria engasgar um deles.  

A notícia caiu como uma bomba entre os pais. A maioria das crianças tem entre 7 e 8 anos.  Para os manter informados sobre as atividades escolares, bem como aquelas a serem realizadas em casa, e entre outros assuntos da instituição, a escola criou um grupo de whatsapp, e foi nesse ambiente que uma das mães denunciou o que a filha relatou sobre a professora. Foi o suficiente para outros pais se manifestarem.

A mãe que desencadeou a onda de protestos foi a dona de casa Gabriela da Silva Barbosa, de 29 anos. Este é o primeiro ano da filha dela na escola. De acordo com Gabriela, a menor contou que a professora ameaçou enforcar uma das crianças e chamou a outra de burra.

“Minha filha está apenas há dois dias na escola e ela já chegou falando que a professora vinha ameaçando de enforcar um aluno e chamou o amiguinho dela de burro. Ela pediu pelo amor de Deus que eu a tirasse dessa escola. Ela está totalmente traumatizada e não quer vir mais para a aula”, contou a dona de casa.

Caso ocorreu na Escola Municipal Professora Maria Izabel Fernandes

Eila Silva, de 39 anos, é mãe do aluno que, segundo uma das crianças, foi ameaçado ser esganado pela professora. Para ela, a educadora não deveria mais estar dando aula, haja vista que ela pode cometer as mesmas agressões – verbais – com outras crianças.

“Como mãe, eu não aceito mais essa professora dando aula. Até porque não é a primeira vez. Há alguns anos, ela já teve mães reclamando sobre o mesmo problema. Eu fui atrás e soube. Na verdade, era pra ela estar aposentada”, protestou a mãe.

“Sou uma professora tradicional”

O portal SN ouviu a professora. Trata-se da educadora Edina Loureiro, de 59 anos. Ela é pedagoga e leciona a disciplina de história par alunos de outras escolas em Macapá há 36 anos. Considera-se uma professora tradicional e defende que os seus alunos do 4º ano já deveriam saber ler e escrever.

Disse que não resolve as lições dos alunos, mas faz isso junto com eles durante a aula. Ela reconhece que pode ter passado do limite, mas sem maldade.

Disse que o episódio que os alunos relatam onde ela teria ameaçado engasgar um deles, aconteceu durante a aplicação de uma avaliação, onde ela exigiu que as crianças alcancem a maior pontuação. A Avaliação Diagnóstico está sendo aplicada em todas as escolas para identificar a necessidade de cada aluno, adquiridas durante a pandemia de covid 19.

“Eu passei do limite, mas foi durante uma brincadeira com eles. Quando eu vi a prova, disse: ‘quero esses 18 pontos de cada um’. Aí teve um aluno que disse: professora não é 18, é 20. Eu disse: então são os 20 pontos! Se todos não tirarem os 20 pontos eu vou engasgar vocês”, contou sorrindo a professora.

Ela afirma que foi o único momento que falou em engasgar qualquer aluno. Sobre chamar uma criança de “burro”, ela defende.

“Nunca chamei de burro, porque ninguém é burro alguma coisa, sabe. Eu não uso essa palavra. E quando eles vêm trazendo o exercício, eu digo: ‘ah, eu não acredito que você errou! Volta e lê!’ Eu mandava eles voltarem e ler. Então, acho que não foi uma maldade”, defendeu a educadora.

Afastamento

Mesmo diante das justificativas, a professora será afastada da turma. Foi o que afirmou a diretora da instituição, Delfina Coelho.

Ela justificou que não era para professora Edina assumir a classe do 4º ano. Acontece que a servidora que ficaria com as crianças está de licença, por isso, não viu outra alternativa a não ser solicitar à professora que ajudasse com a turma.

Diretora da instituição, Delfina Coelho. Fotos: André Silva/SN

“Essa licença chegou em cima da hora. A aula iniciou no dia 7 (março), mas no dia 4 ela disse que não viria mais para a escola. Para a turma não ficar sem professor, eu pedi para a professora Edina assumir a turma até que a secretaria mandasse outro professor”, justificou a diretora.

No último mês, a prefeitura convocou alguns aprovados no último concurso da educação. Entre esses profissionais, a diretora garante, que um irá assumir a turma. Ela não deu previsão de quando isso vai acontecer. Enquanto isso, os alunos seguem sem professor.

Seles Nafes
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