Por ANDRÉ SILVA
Muitas profissões estão deixando de existir com o avanço da tecnologia. Entretanto, mesmo com as dificuldades, algumas têm resistido. Exemplo disso estão os mototaxistas, que durante o período mais crítico da pandemia de covid-19, em Macapá, se reinventaram para sobreviver.
Valdeni Aves de Moras, de 40 anos, há 18 trabalha na profissão. Começou por necessidade, assim como a maioria dos colegas. De uns tempos pra cá, teve que lançar mão de alternativas para não passar necessidade, principalmente durante a pandemia.
Ele contou que nos dois últimos anos passou a fazer serviços de motoboy para empresas de eletrônicos. O serviço ajudou a levar o alimento para casa.
“Trabalhar de mototaxi já foi bom, mas com aumento da gasolina, a entrada de motoristas de aplicativos e mais os clandestinos, a profissão entrou em decadência. Ou a gente migra pra outro trabalho e faz outro bico pra sobreviver. Mesmo com outro trabalho, continuo como mototaxi”, afirmou.
Givanildo Marques de Sousa, de 48 anos, está há 17 anos na profissão. Ele disse que quando começou a trabalhar na praça não havia muita concorrência, todos os dias lucrava um bom dinheiro. Atualmente, com a gasolina em alta, somada à concorrência desleal de pessoas trabalhando na clandestinidade e a falta de fiscalização, a situação ficou difícil.
“A época que era para a que está agora, está 10 vezes pior. Muito aplicativo, pirataria. O que eu ganho dá mal para a manutenção da moto e a gasolina. Uma corrida de mototáxi, hoje, a gente gasta praticamente um litro de gasolina. O lucro é muito baixo”, lamentou o profissional.
O presidente do Sindicato dos Mototaxistas do Amapá, Marco Antônio Mendes, de 48 anos, disse que, em Macapá, atualmente, operam quase 4 mil mototaxistas, entre permissionários e auxiliares. Esse número pode ser menor, mas isso só será confirmado após o recadastramento da categoria, que está ocorrendo este mês.
Mendes explicou que durante a pandemia algumas empresas fecharam parceria com os profissionais para trabalharem principalmente como entregadores. Além disso, o Governo do Estado ofereceu auxílio financeiro a esses trabalhadores, o que, segundo ele, serviu de grande ajuda.
Sobre a perspectiva de futuro para a profissão, o presidente disse que é preciso combater a clandestinidade e regulamentar o serviço de transporte de passageiros por meio de aplicativo em Macapá.
“Regulamentando os motoristas de aplicativos e mantendo a fiscalização contra clandestinos, teremos um poder de competitividade melhor, porque só vai ficar quem realmente fizer do trabalho de aplicativo uma profissão”, finalizou o presidente.