Por ANDRÉ SILVA
Um dia depois do Natal de 2021, um ajudante de pedreiro que aguardava uma equipe da Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) em frente a casa onde morava, no Bairro Goiabal, zona oeste de Macapá, foi morto com várias facadas depois de um assalto.
Atualmente, o medo de ter o mesmo destino do vizinho, apavora moradores daquela comunidade, pois são obrigados a caminhar pelas ruas e avenidas sem iluminação pública.
A escuridão atinge várias ruas do Goiabal, mas isso não significa que apenas eles sofrem com o problema. A falta do serviço também assola os moradores do Loteamento Terra Nova Solaris, empreendimento residencial que fica dentro do bairro.
O professor André Pereira, de 31 anos, relatou que chegou a reclamar da situação para a empresa que comercializava os lotes, mas ela disse que a responsabilidade é da CEA e da Prefeitura de Macapá. Ele disse que não entende porque as lâmpadas de todos os postes estão apagadas.
“Eles (os donos do empreendimento) estão dialogando pra ver o que vão resolver. Enquanto isso, nós moradores ficamos à mercê dessa situação. Já houve casos de furto, assalto, e, sem contar os outros perigos”, protestou o professor.
Segundo ele, a Companhia de Eletricidade não foi ao local instalar os medidores de energia na maioria das residências. Ele reclama que sempre que liga para o Call Center da empresa, o número da unidade consumidora é solicitado para gerar uma ordem de serviço para as equipes. Sem o número da unidade, eles ficam sem receber atendimento.
O filho da pedagoga Ana de Meneses, de 46 anos, arrisca a vida todos os dias para chegar em casa. Ele caminha da entrada do bairro, que fica às margens da Rodovia Duca Serra, até o loteamento. Segundo ela, a maior parte do trajeto é no escuro.
“No loteamento, é pior ainda. É muito complicado. Tem muito roubo, muito bandidinho de bicicleta que passa e te rouba na hora. É muito complicado. A gente não sabe nem pra quem apelar. Agente fez tanto pedido pra CEA, para a Prefeitura e para os responsáveis pelo loteamento, mas eles dizem que é de responsabilidade da Prefeitura e da CEA”, reclamou a moradora.
A reportagem entrou em contato com a corretora do loteamento, mas não obteve resposta. Já a Secretaria Municipal de Iluminação Pública respondeu que até o fim desta semana enviaria equipes de manutenção ao local.
Escuridão e morte
No dia 26 de dezembro de 2021, o ajudante de pedreiro Rimário Barbosa da Cruz, de 31 anos foi morto na frente da mulher durante um assalto. Ele estava na frente de casa aguardando a equipe da CEA para resolver o problema da falta de energia em sua rua. Chegou a dar R$ 40 para o bandido que, não satisfeito, desferiu vários golpes de faca. Um dos bandidos foi preso em janeiro desse ano pela Polícia Civil e outro continua foragido.