Com recursos garantidos, novo presidente da Liesap anuncia desfile em 2023

Os novos diretores e membros do conselho fiscal da entidade foram empossados neste sábado, com festa no Museu Sacaca, na zona sul de Macapá.
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Por ANDRÉ SILVA

O amapaense e administrador de empresas Jocildo Silva Lemos, de 54 anos, tomou posse neste sábado (30) como novo presidente da Liga das Escolas de Samba do Amapá (Liesap). Entre os compromissos firmados está o de tornar o segmento mais forte e independente da iniciativa pública, além de garantir os desfiles em 2023.

Na posse da nova diretoria, ocorrida no auditório do Museu Sacaca, na zona sul de Macapá, e que teve ainda Rogério Furtado empossado como vice-presidente, o governador do Estado do Amapá, Waldez Góes (PDT), anunciou para o próximo desfile um aporte financeiro de R$ 4 milhões, recursos em parceria com o senador Davi Alcolumbre (União). Também estiveram na festa presidentes de agremiações e pessoas envolvidas com o carnaval de Macapá.

Em um bate papo com o Portal SN.com, o novo presidente falou da experiência acumulada desde os primeiros desfiles e festas de carnaval da cidade, quando ajudava o pai a confeccionar as fantasias da escola de samba Boêmios do Laguinho. Contou como pretende recuperar a Cidade do Samba e atrair a iniciativa privada para investir nas escolas.

Acompanhe a entrevista:

Qual a sua experiência com o carnaval?

Desde quando eu tinha entre seis, sete anos, já militava de alguma forma no carnaval. Meu pai era alfaiate. Ele fazia, naquele tempo – 1975, 1976 –, as fantasias do Boêmios do Laguinho. Ele dava o ponto menor e a gente dava o ponto grande. A gente fazia o ‘inchuliamento’, que eram os pontos grandes nas roupas, para depois vir com a máquina e dar a costura propriamente dita. Daí pra frente, eu me criei na Rua São José, entre Mãe Luzia e General Osório, no quintal de Boêmios do Laguinho, e andava pelos carnavais da Avenida FAB, pelos carnavais do Boêmio. Quando cresci um pouco mais, comecei a sair na escola de Samba como brincante. Depois, comecei a participar efetivamente com trabalho, comecei a ajudar a escola.

Waldez e Davi anunciaram aporte de R$ 4 milhões no carnaval de 2023. Fotos: André Silva/SN

Mais para frente fui crescendo e criando mais responsabilidade, aí, já fui pra uma ala da escola, depois outra, e depois compus a diretoria. Depois, fui mais para dentro, ajudando nos barracões. Em 2015, fui eleito presidente do Boêmios do Laguinho. Infelizmente, não houve carnaval (desfile) na nossa gestão, mas fizemos um trabalho de resgate com a escola, pagamos uma dívida que a escola tinha – trabalhista com costureira com aderecista – e fomos avançando e continuamos nessa vibe, nesse trabalho da cultura do Amapá. 

Qual a proposta da nova diretoria?

Basicamente, a nossa proposta é proporcionar às escolas de samba que possam fazer o desfile de 2023. Esse é o nosso projeto. Por isso, na fala do governador [Waldez] e do senador Davi, eles falaram de planejamento e de caridade. Nós estamos, a partir agora de maio, fazendo um calendário, apresentar para a comunidade do carnaval, porque a gente precisa ter o planejamento para dizer o que a gente vai fazer. Então, nós vamos planejar o carnaval. Nós vamos fazer grandes eventos de escolas de samba, de shows. Mas nós vamos fazer o planejamento, o estudo e o direcionamento de como nós vamos fazer, e a partir de um determinado momento desse ano, já fazer as coisas para o carnaval de 2023.

Estiveram na festa presidentes de agremiações e pessoas envolvidas com o carnaval de Macapá

Lembra do último desfile?

O último foi em 2020. E não foi no sambódromo, foi na Rua Vita Mota. Foi uma ação muito importante do mandato do senador Davi, que garantiu uma emenda para a Prefeitura, para que nós pudéssemos fazer naquele tempo, um carnaval menor. Não foi um grande espetáculo, mas foi uma bela apresentação das escolas de samba.

Depois de tanto tempo sem desfile, você acha que as escolas estão motivadas?

As escolas e, principalmente, suas comunidades estão motivadas. E as escolas assumem essa motivação das comunidades. Os presidentes e as presidentes das escolas de samba têm esse compromisso. Nas conversas que nós tivemos, eles pedem pra que possam ser um instrumento de auxílio, para que eles possam levar para a comunidade e para a escola dele, a possibilidade de se apresentar. Isso é muito importante.

Jocildo tomou posse nesta sábado

Como movimentar as escolas durante o ano para que tenham mais autonomia financeira?

Nós já pensamos nisso. Primeiro, reunir elas na Liga para que possamos fazer eventos da Liesap em favor das escolas. Mas a escola, na sua programação normal de ano, também tem eventos. Algumas trazem até shows nacionais, fazem atividades aonde as escolas conseguem alcançar a comunidade delas. E quando a comunidade vai, participa, compra a camisa, compra a bebida a comida, ela participa efetivamente do processo.

Como conseguir mais apoio da iniciativa privada?

A inciativa privada espera um sinal. Porque ocorreu várias vezes a gente começar o carnaval, a programação do carnaval, as escolas de samba iam na iniciativa privada e daqui a pouco não mais ia ter o desfile, mas o empreendedor já tinha injetado algum aporte na escola e não tinha o retorno, porque não tinha desfile. Estamos fazendo diferente agora. O governador Waldez falou aqui pra nós que ele vai fazer um convênio, para que a gente possa fazer o rapasse agora em junho, julho e agosto, pra gente sinalizar pra esses empresários que vai ter carnaval e que eles podem, sim, apostar a sua marca em determinada escola da Liga, porque vai ter retorno.

Jocildo Silva Lemos, novo presidente da Liesap

Como recuperar a Cidade do Samba e o Sambódromo?

Nós estamos nomeando, na próxima segunda-feira, a prefeita da Cidade do Samba, e ela vai fazer todo um estudo daquilo que a gente vai poder fazer para aproveitar a CS. Porque, hoje, ela guarda, tão somente, as alegorias das escolas de samba, mas pode ter uma outra utilidade além dessa. E nós vamos com a prefeitura, com os esforços que estamos fazendo – seja na inciativa privada, seja nos órgãos governamentais – buscar possibilitar que ela possa fazer esse trabalho. A partir daí, ela vai conseguir colocar as escolas para trabalhar e movimentar a economia, para que as coisas possam acontecer.

Seles Nafes
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