“Dói o preconceito”, diz mulher que criou filhos e netos com trabalho de gari

Klébia criou 8 filho e agora cuida dos netos
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Por RODRIGO ÍNDIO

Um olhar que esconde uma história de luta e tristeza conciliada com o amor pelo trabalho que faz. Aos 17 anos, Klebia Simone Santos começou a prestar serviços como Gari. Recentemente, ela completou 30 anos dedicados a essa profissão.

Foi com o suor do trabalho honesto que ela criou os 8 filhos e agora cuida de 6 netos, depois de ser maltratada e abandonada pelo marido.

“Precisava seguir meu caminho e meus filhos precisavam comer, então, fui à luta para não morremos de fome. Comecei capinando mato mais alto que eu, na enxada. Não me vejo aposentada, quero trabalhar ainda mais”, conta.

Hoje Klebia atua na varrição, no Bairro do Trem. Como Gari, ela encontra motivos para sorrir e entrega seu melhor pela cidade, mas também se entristece, ao perceber o preconceito de muita gente. Os olhos se enchem de lágrimas ao tocar nesse assunto.

Os olhos de Klebia se enchem de lágrimas ao tocar no assunto do preconceito com a profissão. Fotos: Rodrigo Índio/SN

“Eu me sinto pra baixo, triste. Dói o preconceito”

“Tem algumas crianças que os pais não ensinam a chamar de gari ou tia, aí chamam de lixeira pra gente, as mães não repreendem. Outras, ofendem dizendo que sujam porque temos é que fazer nosso trabalho mesmo. Eu me sinto pra baixo, triste. Dói o preconceito. Porém, continuo no meu serviço porque tem mais gente que gosta da gente e nos respeita. Sou grata por viver tudo o que vive e em ser gari. Tenho orgulho”, detalha.

E foi por reconhecimento a esses profissionais, que o município de Macapá realizou uma programação especial pela passagem do dia do gari, celebrado neste 16 de maio. Eles tiveram café da manhã, almoço, e lanche, com direito a sorteio de prêmios.

Em uma programação da prefeitura…

… os garis foram…

… homenageados

O secretário de Zeladoria Urbana, Jean Patrick Farias, ressalta o quanto esses homens e mulheres fazem a diferença na vida de todos. Recolhem o lixo que produzimos, mais de 11 mil toneladas por mês e limpam o que todos sujam.

“É para confraternizar e para falar para eles o quanto eles são importantes pra nós e para a sociedade. Na pandemia eles não pararam e são ainda mais vitoriosos e merecem todo reconhecimento”, destacou.

Klebia foi uma das homenageadas de destaque

Secretário de Zeladoria Urbana, Jean Patrick Farias, ressaltou o quanto esses homens e mulheres fazem a diferença na vida de todos

Em Macapá, 350 garis trabalham na coleta diária do lixo domiciliar, varrição das vias públicas e limpeza dos canteiros, praças e entorno das Unidades Básicas de Saúde.

Seles Nafes
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