Independente pode ser punido por ‘gritos homofóbicos’

Considerada pela justiça desportiva como ‘injúria sexual’, ofensa poderá custar caro ao time de Santana
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Por SELES NAFES

O Santos-AP deve formalizar nesta sexta-feira (27), no Tribunal de Justiça Desportiva do Amapá (TJD-AP), uma “notícia de infração” contra o Independente Esporte Clube, time santanense que também disputa o Campeonato Amapaense de Futebol de 2022. O motivo: homofobia.

Na partida entre os dois clubes, na rodada do último domingo (22), a torcida do Independente fez um coro na arquibancada do Zerão que foi considerado ofensivo por duas vezes, todas contra o presidente de honra do Peixe da Amazônia: “Marba, vai tomar no cú” e “Marba, viado!”. O árbitro da partida, Thaylan Azevedo, não registrou o fato na súmula da partida.

Desde 2019, depois da atualização da legislação brasileira sobre homofobia e transfobia, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) passou a entender que os clubes precisam ser punidos quando a torcida se exceder nas arquibancadas. A avaliação acompanha julgados do STF sobre crimes de injúria sexual fora dos gramados.

Chamar de “bicha” um goleiro que vai bater um tiro de meta ou um atacante que vai cobrar pênalti, por exemplo, são consideradas situações de injúria sexual ou homofobia. A atitude pode custar pontos ou até mesmo a eliminação do clube na competição.

Foto editada foi considerada injúria sexual por Luciano Marba

Esta semana, Ronaldo pediu o fim dos cantos homofóbicos no Cruzeiro, que pode ser punido junto com o Grêmio pela mesma atitude, ocorrida na sexta rodada da série B do Campeonato Brasileiro. O STJD analisa esse e outros casos envolvendo clubes grandes.

Montagem

Além dos cantos discriminatórios, o Santos afirma que torcedores do Independente aumentaram o tom das ofensas com montagens em grupos de WhatsApp. Uma foto de Luciano Marba foi editada ao lado de uma travesti com insinuações sexuais. 

“A gente respeitou a diversidades. Tanto o racismo quanto a homofobia são desprezíveis. Me sinto envergonhado por fazer parte de um grupo de futebolistas onde existem pessoas que não respeitam. Me xingar não vai mudar minha opção sexual, mas é triste ver isso. Durante 5 anos tivemos uma cozinheira transexual e sempre tivemos todo o respeito. Espero uma punição exemplar. Que possam ser excluídos do campeonato para que isso nunca mais se repita”, disse Marba.

Procurado, o presidente do Independente, Rodrigo Tork, disse que a diretoria repudia atitudes homofóbicas da torcida, mas negou que tenha ocorrido esse gesto, apesar das imagens da transmissão do jogo dizerem o contrário. O jogo foi transmitido pela TV Carcará, canal do Independente. 

“Porém, não reconhecemos que isso tenha acontecido com a nossa torcida. Também repudiamos as palavras do diretor do Santos que usou palavras de baixo calão e vem desrespeitando a nossa torcida desde o ano passado. Caso tenha ocorrido algum tipo de canto pela nossa torcida vamos tentar identificar, e se fomos notificados pelo TJD vamos nos pronunciar”, comentou o presidente do Carcará.

Seles Nafes
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