Organizador de viagem que acabou em tragédia tem liberdade negada pela 5ª vez

Naufrágio com 25 clandestinos ocorreu em agosto de 2021, mas apenas 3 corpos foram encontrados. Sobreviventes apontaram responsáveis pela viagem
Compartilhamentos

Por SELES NAFES

Um dos acusados de organizar a viagem clandestina de brasileiros para a Guiana Francesa que terminou em tragédia no ano passado, teve o pedido de liberdade provisória negado pela 5ª vez no processo. A defesa de José Cláudio Leão Sardo, o Loirinho, alega excesso de prazo na prisão, mas a juíza que analisou o pedido diz que a própria defesa vem deixando o processo mais demorado.

Loirinho foi preso no dia 10 de setembro de 2021 pela Polícia Federal e Bope na Operação Tritão, em Oiapoque (a 590 km de Macapá), de onde partiu a voadeira com destino à Guiana. De acordo com as investigações, a embarcação estava superlotada e tinha capacidade para apenas 700 quilos. Contudo, transportava pelo menos 25 pessoas e bagagem.

Três corpos chegaram a ser resgatados em estado de decomposição por autoridades francesas, mas, como a viagem era clandestina, nunca houve certeza sobre a quantidade exata de vítimas. Depoimentos de sobreviventes que constam na ação penal dão a entender que o número de mortos foi bem maior.

No dia 30 de março, pela 4ª vez, a justiça federal em Oiapoque negou liberdade a Loirinho, apontado por sobreviventes como o principal responsável pela viagem. Ele e mais três comparsas teriam recebido R$ 25 mil dos passageiros. Oiapoque é citado pela PF e MPF como polo de grupos organizados que agenciam brasileiros para atravessar clandestinamente.

Ao analisar novo pedido, a juíza federal Maria do Carmo disse que a instrução do processo foi retardada pela própria defesa pela quantidade de recursos e pedidos idênticos.

Casal desaparecido no naufrágio que tinha mais de 20 pessoas

Jéssica também estava na voadeira…

…assim como João e outros que sonhavam com uma vida melhor na Guiana

Prisão de Loirinho no dia 10 de setembro de 2021. Foto: PF/Divulgação

Além da legislação, ela acrescentou que o magistrado também precisa usar o bom-senso.

“Dessa forma, não se pode ignorar a complexidade do caso investigado, no qual houve o naufrágio de uma embarcação em região de fronteira com cerca de vinte passageiros, cuja maior parte permanece desaparecida”.

A juíza concluiu ainda que há risco de fuga e perigo à ordem pública. Além de Loirinho, estão sendo processados pelo MPF Ricardo Amanajás Ferreira, Jaime da Costa de Souza e Luís Leonel Gomes de Oliveira Filho, o Maranhão.

Seles Nafes
Compartilhamentos
Insira suas palavras de pesquisa e pressione Enter.
error: Conteúdo Protegido!!