Por RODRIGO ÍNDIO
Quatro médicos da rede pública hospitalar foram indiciados pela Polícia Civil do Amapá sob a acusação de homicídio culposo. Foi a conclusão do inquérito que apurou a morte de uma paciente de 35 anos.
Paula Suellen Valente Sandin, morreu no dia 7 de fevereiro de 2021, e o caso foi investigado pela Delegacia de Crimes Contra a Mulher de Santana. Segundo o delegado Edmilson Antunes, a apuração apontou que os quatro médicos realizaram o atendimento da vítima, sendo três médicos no Hospital Estadual de Santana e um no Hospital de Emergência de Macapá.
A paciente foi diagnosticada com hérnia diafragmática esquerda contendo alça intestinal. Entretanto, mesmo com o diagnóstico, nenhum deles a encaminhou para procedimento cirúrgico, caracterizando negligência.
“O cirurgião-geral verificou em julho de 2020 que o diagnóstico da vítima necessitava de procedimento cirúrgico, porém, alegou que o Hospital de Santana não poderia realizá-lo devido à pandemia e orientou que a vítima procurasse uma clínica particular em Macapá. Sem obter sucesso na clínica indicada, a vítima retornou com o cirurgião-geral e foi informada que o SUS não possuía os materiais necessários para a cirurgia”, detalhou Antunes.
Ainda segundo o delegado, em fevereiro de 2021, a vítima sentiu muitas dores e foi novamente ao Hospital de Santana levando seus exames. Ela foi atendida por uma médica clínica geral, que prescreveu remédios para dores e a orientou que retornasse com o cirurgião.
De acordo com o delegado, a médica falou pessoalmente com o cirurgião que o caso era sério e que necessitava de cirurgia. Horas depois, a vítima voltou a sentir dores abdominais e foi ao Hospital de Emergência de Macapá, sendo atendida por um outro médico que lhe prescreveu analgésicos e lhe deu encaminhamento para consulta com um cirurgião, por entender que o caso era de uma cirurgia eletiva, ou seja, um procedimento a ser agendado.
“Mas no dia seguinte, a vítima teve uma crise mais aguda e foi ao Hospital de Santana, sendo atendida por um médico generalista, o qual lhe prescreveu remédio para dor, solicitou exame de sangue e, de forma ríspida, disse que não iria olhar os exames que ela havia levado, pois não serviam. Horas depois, a vítima foi ao banheiro do hospital, desfaleceu e veio a óbito”, acrescentou o delegado.
Durante os interrogatórios, os três médicos generalistas reconheceram que deveriam ter encaminhado a vítima, de imediato, para ser avaliada por um cirurgião. Já o cirurgião também reconheceu que deveria ter solicitado exames pré-operatórios.
Os nomes dos médicos não foram divulgados. Eles ainda continuam nas funções. Com o indiciamento, o caso foi remetido ao Ministério Público que irá oferecer denúncia ou não.