Por ANDRÉ SILVA
Um ex-açougueiro e vigilante desempregado, morador da zona norte de Macapá, mesmo sem renda decidiu ajudar famílias carentes. O paraense José Maria Santo, de 53 anos, não é santo só no nome, mas na prática. Ele passa o dia a recolher frutas, legumes, verduras e ossada, alimentos que seriam desprezados por supermercados locais e, após uma seleção, distribui para quem não tem o que comer.
A iniciativa veio da própria experiência de vida: na infância, passou muita necessidade. Chegou até a comer comida para cachorro, tudo para não morrer de fome.
“Comi muitas vezes… [faz uma pausa e chora ao lembrar] comida pra cachorro, que a gente ia pegar em açougues. A gente salgava para poder comer [pausa de novo]. Isso foram muitas vezes lá em Belém [PA]. Eu já passei muita necessidade e muitas dificuldade na minha vida, mas hoje sou muito grato”.
Enquanto tinha o próprio açougue, passou a usar a ossada que sobrava e os alimentos que recolhia em um supermercado local. Com os materiais, faz sopa e entregar para as famílias.
“Começamos a fazer sopa e dar para as pessoas. Só que, com o passar do tempo, passamos a entender que se fosse fazer uma sopa e dar numa vasilha, provavelmente só vai comer o pai ou a mãe ou só o filho. Então, preferimos dar o material para a família fazer, e, assim, toda a família ser beneficiada”, explicou.
Atualmente, ajuda 50 famílias. Elas são divididas em dois grupos de 25 e atendidas às terças e quintas-feiras, na casa onde ele mora, no Bairro Novo Horizonte, zona norte de Macapá.
Uma dessas famílias é a da Jaci Pimentel, de 49 anos.
Ela é vigilante e está desempregada há 9 anos. Para ganhar dinheiro, cuida de crianças à noite, enquanto os pais delas saem para trabalhar ou se divertir. Tudo que ganha reparte com mais quatro famílias.
“Me sinto na obrigação de dividir”, resumiu a babá.
Outra família ajudada é da dona Maria Ivanete, de 62 anos. Ela trabalha, mas diz que o que ganha do “Zé Maria” serve pra ajudar na despesa dela e dos filhos.
“Desde quando iniciou, eu pego esses alimentos aqui com ele. O que eu pego, faço uma sopa, um purê e distribuo para meus filhos e netos. Todo mundo gosta”, contou, sorrindo, a idosa.
José Maria disse que ainda existem muitas famílias querendo receber os alimentos, mas ele conta com apenas um parceiro. Disse que quem quiser ajudar pode entrar em contato com ele pelo telefone (96) 9