Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
Mesmo ainda muito abalada, e mãe da mulher encontrada morta e seminua no Rio Amazonas, na orla do Bairro Santa Inês, zona sul de Macapá, última quarta-feira (13), diz que vai lutar por justiça até o fim. A vítima era Áquila Borges Soares, de 32 anos, que tinha problemas de saúde mental.
“O meu alimento, se o senhor quer saber o que é a dor de perder um filho, o meu alimento tem sido lágrimas. Não foi falta de buscar minha filha, não foi falta de cuidados meus. Eu quero justiça. Eu estou sofrendo muito, porque foram 32 anos e não 32 dias, ela viveu a minha vida e eu vivi a dela”, declarou Résia Borges Soares, de 56 anos.
Ela pede ajuda para conseguir imagens de câmeras de segurança próximas à Rampa do Açaí, para elucidar como ocorreu a morte de Áquila e, também, avisou que irá processar o Estado, pois sempre buscou nos órgãos, inclusive nos de justiça, ajuda e tratamento para sua filha, segundo afirmou.
Áquila sofria de esquizofrenia.
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Résia Borges Soaresdiz que vai lutar por justiça até o fim
“Eu não vou conseguir conviver sem a presença da minha Áquila, eu vivi o tempo todo em função da minha filha. Eu busquei ajuda pra todos os lados pra colocar a Áquila no abrigo, justamente porque eu não tinha mais forças físicas pra lutar com ela. Mas, ainda assim, até mesmo por clamar, pedir ajuda, expondo a situação da Áquila, eu fui ameaçada”, relatou a mãe – sem, contudo, detalhar as supostas ameaças.
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Áquila sofria de esquizofrenia
Movimento antimanicomial
Uma das ativistas do Movimento de Luta Antimanicomial do Amapá (MLA-AP), que preferiu não se identificar, falou ao Portal SelesNafes.com e afirmou que a morte poderia ter sido evitada, caso a rede de atendimento em saúde mental do Amapá estivesse estruturada e fosse eficaz.
De uma maneira geral, o Estado brasileiro, nas três esferas de executivo, negligencia este atendimento no Amapá. Aqui há apenas, explica, um Centro de Atendimento Psicossocial para adultos com transtornos mentais, o Caps, que não dá conta da demanda existente. A legislação estabelece que deva existir pelo menos um Caps para cobrir até 200 mil pessoas, em Macapá seriam necessários ao menos mais quatro Caps e que o atual – o Caps Gentileza -, fosse transformado em uma unidade de atendimento de 24 horas.
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Corpo foi encontrado próximo ao muro de arrimo. Foto: Rodrigo Índio/SN
Além disso, diversos internautas comentaram as publicações acerca da morte afirmando que Áquila estava sendo avistada no bairro Santa Inês há pelo menos dois dias e que muito ligaram para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), Corpo de Bombeiros e até a Polícia Militar, porém, não foi realizado nenhum tipo de atendimento.
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MLA e o Conselho Estadual de Saúde estão convocando organizações sociais para discutirem medidas para evitar que mortes como a de Áquila
O MLA e o Conselho Estadual de Saúde estão convocando uma reunião com pacientes, familiares, amigos e organizações sociais para debaterem a situação e discutirem medidas para evitar que mortes como essa ocorram. A reunião será realizada na sede Central Única dos Trabalhadores (CUT), na próxima quarta-feira (20), às 14 horas.