Por SELES NAFES
Levantei mais tarde hoje. Fazia tempo que eu estava precisando, porque esse negócio de dormir tarde e acordar muito cedo não é pra mim. Apesar de ter aproveitado pra descansar um pouco mais, a sensação não era das melhores. O motivo pra acordar muito cedo, o Tribuna da Cidade, estava fora do ar.
Durante dois meses, participei da bancada do programa de análise política de maior audiência do rádio amapaense, criado pelo jornalista e advogado Carlos Lobato. Há alguns anos, o programa é transmitido pela 101 FM, do também jornalista e advogado Eraldo Trindade.
Fui convidado em junho pelo Silvio Sousa, após a saída do Lobato (que se candidatou a deputado estadual pelo Pros), para voltar a integrar a bancada. Aceitei, e desde o início procuramos debater o cenário político com equilíbrio. Nós sabíamos que se não fosse assim, teríamos problemas com candidatos, partidos, MP Eleitoral e com a própria justiça eleitoral.
É bom que se diga: é uma bobagem dizer que existe jornalismo imparcial. Uma tolice. O que existe é jornalismo honesto, e é por isso que eu nunca perdi a relevância como comunicador e nunca fui condenado em nenhuma das muitas ações que sofri ao longo de 27 anos de carreira.
Ontem à noite, logo após a divulgação da pesquisa do Ipec (ex-Ibope) que deu Clécio com 41% e Jaime com 35% na corrida pelo governo do Estado, fui avisado que não teríamos o programa a partir de hoje.
Isso nos impediu que fazer qualquer análise a respeito da pesquisa e de outros cenários. Na verdade, íamos dizer apenas que a disputa está equilibrada entre os dois, mas não tivemos chance.
Já vínhamos sofrendo pressões nas últimas semanas, especialmente de dois grupos que concorrem ao governo e ao Senado e que, notoriamente, possuem a maior capacidade financeira desta eleição. Mesmo assim vínhamos nos mantendo no ar.
Ontem à noite, contudo, fomos surpreendidos, junto com muitos internautas e ouvintes que hoje de manhã mandaram mensagens perguntando “kd o programa?”, “kd vcs?”.
Eu continuarei no Portal SN e o Silvio no blog dele, de onde ninguém pode nos desalojar. Porém, confesso que ficou o sabor de censura na boca, um gosto amargo, rançoso. Mas como diz o jingle da vinheta de abertura do programa: “quem tem o que dizer não pode ser calado”