Do preconceito ao sucesso: cantora amapaense Letícia Auolly conta história de superação

Letícia Auolly faz o debute nacional em grande estilo: no festival Garota Vip, no Rio de Janeiro, ao lado de Wesley Safadão.
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

De garota tímida e retraída, a cantora amapaense Letícia Auolly acaba de fazer o debute nacional em grande estilo: durante o festival Garota Vip, no Rio de Janeiro, ao lado de Wesley Safadão, no mesmo palco onde passaram estrelas como Anitta e Pedro Sampaio.

Mas nem sempre tudo foram flores. Neste bate-papo com o Portal SelesNafes.com, Letícia lembrou um pouco do início da carreira, da vergonha e preconceito que sofria por causa do seu biotipo e falou, ainda, dos bastidores desse grande momento com o Safadão, além de projetos futuros.

Acompanhe.

Como foi você participar do Garota Vip, qual a sensação?

Foi uma realização gigantesca, tanto em âmbito profissional, como pessoal, porque como mulher me senti fortalecida, valorizada, visto que vim de um padrão que era imposto pela sociedade e eu consegui quebrar essa barreira, como uma mulher gorda, mas que, de fato, consegue mostrar o seu potencial e o seu talento, independente de forma física.

Pude mostrar aquilo que eu acredito, que é minha carreira, meu sonho, levar o nome do meu Estado, porque sempre foi meu sonho ter essa ascensão podendo representar o Amapá.

Letícia Auolly dividiu o palco do festival Garota Vip com Wesley Safadão

Em que momento você acha que está sua carreira? Você acha possível ultrapassar as barreiras regionais e construir uma carreira nacional?

Sim, com certeza! Hoje a minha carreira está em ascensão. Na verdade, antes da pandemia, eu já havia crescido bastante, porém a pandemia, infelizmente, nos tirou muitas oportunidades. Mas, hoje, graças a Deus, estamos conseguindo recuperar o trabalho, a visibilidade, o empenho, o desenvolvimento do Projeto Letícia Auolly e já estamos ultrapassando essas barreiras regionais.

Essa oportunidade de cantar no Garota Vip junto com o Wesley Safadão foi de extrema importância para a visibilidade, pra minha carreira, mostrando que sim, o amapaense merece ser respeitado e ser valorizado.

Depois desse sucesso no palco do Rio, o que vem por aí?

Estão vindo trabalhos lindos. Está meu novo trabalho, que é um EP com músicas autorais, todas gravadas em Goiânia (GO), videclipes que acabei de gravar, dois trabalhos incríveis!

Tudo está sendo milimetricamente pensado, planejado, para que eu possa estar representando o Amapá em nível nacional.

Fãs ficaram empolgados com o show

E o Safadão, é gente boa? Como ele te tratou e quais os próximos passos?

O Wesley é uma pessoa maravilhosa, me tratou com muito carinho, o máximo respeito, tanto ele, como sua equipe, se mostrou muito preocupado, fez questão de me ligar para nós tratarmos de como seria o Garota Vip, ele deu sugestão das músicas, a equipe dele, o produtor dele mesmo falou ‘olha, o Wesley tá no meu pé por causa de ti: já resolveu com minha cantora, já tá tudo alinhado’, enfim, ele foi excepcional comigo, extremamente carinhoso.

E como foi a sensação lá no palco?

Ele fez uma coisa que eu não imaginava. A apresentação dele no dia do Garota Vip foi espetacular e a característica do show dele é cantar muito e falar pouco, porque ele tem muitos sucessos, então, quanto mais ele cantar os sucessos dele, as músicas, mais dançante e estourado e animado vai ser o show. Então, ele parou ali durante alguns minutos pra falar sobre mim, pra me elogiar, falar da nossa amizade e pra cantar os meus parabéns! Foi tudo muito espontâneo, nada arquitetado, foi tudo naquele momento, nós havíamos apenas falado sobre a passagem de som, músicas que íamos cantar. Foi de extremo carinho e respeito.

E o começo, infância e superação, Letícia?

Eu comecei a cantar na escola, por incentivo de uma professora maravilhosa. Eu sempre estudei em escola pública: na escola Amapá, depois Santina Rioli – e lá eu conheci a professora Patrícia, de inglês –, e ela me incentivou a participar dos corais da escola e, lá, começou tudo com uma participação, mas ela sempre me incentivando, enaltecendo a minha voz, e depois eu fui para o ensino médio no Alexandre Vaz Tavares e, lá, também tinha festivais, caminhada alexandrina, eu sempre cantava, dava algumas palinhas, enfim.

Após um período, fui me dedicar aos estudos. Me formei, me pós-graduei em pedagogia, cheguei a dar aula, ser professora, mas a música sempre esteve nas minhas veias.

Festival Garota Vip, no Rio de Janeiro

Como começou, de fato, a carreira até chegar aqui?

Comecei em barzinho, tímida, retraída, porque eu sempre quis mostrar que eu gostava de dançar, mas aí eu senti o preconceito de algumas pessoas, que zombavam, que riam e como eu tenho problema de vista, o que que eu fazia? Como tenho miopia e astigmatismo, eu não enxergo bem, tanto pra longe quanto pra perto, aí, eu tirava os óculos para não ver as pessoas zombando de mim, rindo porque eu era gordinha e fazendo chacota. Eu comecei a tirar pra me soltar, pra perder a minha vergonha.

Com essa tática que eu usei, eu comecei a me soltar e a mostrar que eu era uma gordinha que gostava de dançar, que queria mostrar, além da voz, que queria ser animada no palco e, assim, fui conquistando as pessoas.

No estilo sertanejo que começou a despontar…

Veio o grande boom, que foi a explosão da Marília Mendonça, em 2015, e isso me abriu muito as portas. Comecei a fazer especiais cantando Marília Mendonça, Mayara e Maraisa, Nayara Azevedo, que foi o momento de vozes femininas no sertanejo e eu aproveitei também esse momento pra mostrar mais o meu trabalho.

A Marília sempre foi uma referência de empoderamento porque ela chegou quebrando esse padrão, abrindo portas para mulheres que não tinham um biotipo aceitável pela sociedade, e, chegou mostrando o seu potencial, o seu talento como compositora, como cantora, e isso me deu mais força e ânimo para correr atrás do meu objetivo. Em 2019, eu a conheci e falei isso pra ela, e foi um momento muito importante da minha vida.

Qual a avaliação da carreira até aqui?

Hoje, eu, graças a Deus, estou conseguindo construir uma carreira linda, cheia de amor, de determinação, de muita fé e quero escrever uma linda história e levar muito orgulho pros meus fãs, pro meu Estado e, principalmente, pra minha família, que sempre esteve do meu lado, sempre me apoiou desde o início.

Seles Nafes
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