Por SELES NAFES
O Tribunal Regional do Amapá (TRE-AP) decidiu que a Polícia Federal investigará as denúncias feitas pelo prefeito de Macapá, Dr Furlan (Cidadania), contra o juiz eleitoral Orlando Vasconcelos. Foi durante sessão extraordinária realizada pelo pleno administrativo da corte.
Segundo Furlan, o magistrado teria pedido propina para não expedir os mandados de busca e apreensão da Operação E-Hailing, deflagrada pela PF na última sexta-feira (29). O pedido teria sido levado por um suposto emissário do juiz na casa do prefeito.
Furlan fez a denúncia num pronunciamento à imprensa horas depois de a PF ter ido na casa dele e da esposa, Rayssa Furlan (MDB), candidata ao Senado. O prefeito é investigado por compra de votos nas eleições de 2020. O promotor de justiça e irmão dele, João Furlan, também foi alvo de um dos mandados.
No pronunciamento, Furlan também acusou o senador Davi Alcolumbre (UB) de ter arquitetado politicamente a operação junto ao Ministério Público Federal, PF e na justiça eleitoral. O senador disse que ninguém manda nesses poderes, e na mesma tarde a cúpula do tribunal também se pronunciou afirmando que Furlan teria que provar as acusações.
Ontem, por unanimidade, o pleno do tribunal avaliou proposta do presidente do TRE, desembargador Gilberto Pinheiro, de encaminhar o pedido de investigação à PF.
O corregedor do tribunal, desembargador João Lages, lembrou que não existe eleição fácil, e acrescentou que lamenta o que chamou de “ataque inconcebível a toda a corte”. O magistrado enfatizou que se trata de uma situação inédita no Amapá, mas que em nível nacional a justiça eleitoral também virou alvo de ataques.
“É uma realidade do Brasil e não podemos admitir. Temos o encargo enorme de conduzir essa eleição com neutralidade, e o que a gente observa é que pessoas maldosas querem colocar juízes eleitoral do lado de cores partidárias. A coisa não é assim”, ponderou.
Com a decisão do TRE, a Polícia Federal abrirá inquérito e vai tomar o depoimento do prefeito de Macapá.