Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
Quem é negro no Brasil sabe o que é passar por situações de constrangimento ou mesmo sofrer ataques. Aos 50 anos, a ativista do movimento negro Alzira Nogueira, que é candidata à deputada estadual pelo PSOL, contou uma dessas situações que passou e falou ao Portal SelesNafes.com sobre como funciona o racismo estrutural e como combatê-lo.
“Eu tinha acabado de me formar, na verdade, eu tinha acabado de concluir o mestrado, e fui levar o currículo para uma instituição aqui, de Macapá, que estava precisando de uma consultoria em uma área em que eu trabalhava. Cheguei nessa instituição e fiquei esperando na recepção e um rapaz que estava recebendo documentos, ele perguntou se eu sabia assinar meu nome”, contou Alzira.
A situação é recorrente e ela não tem dúvida de que a pergunta só foi feita por ela se tratar de uma mulher negra.
Alzira fez-se militante desde muito cedo. Primeiro, no movimento estudantil. Depois, no negro, popular e de mulheres. Assim aprendeu a enfrentar essas situações. Mesmo assim, o racismo fere, machuca e em muitas vezes também mata, revela.
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Alzira é candidata pelo PSOL
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Ativista ensina como funciona o racismo estrutural e como combatê-lo. Fotos: Arquivo Pessoal
“O que tira da gente a condição de ocupar qualquer lugar na esfera de vida e de existência social pras mulheres negras é a falta de oportunidade. É a ideologia do racismo confinando essas mulheres nessa condição subalterna de existência. É isso que precisa ser rompido”, asseverou a candidata.
Como uma das principais organizadoras da Central Única das Favelas (Cufa) no Amapá – de onde licenciou-se para concorrer nestas eleições –, Alzira é parte da campanha nacional de conscientização que a entidade tem realizado: no Brasil, mesmo com a maioria do povo sendo de negros e mulheres, a cada 100 candidatos eleitos, menos de 3 são mulheres negras.
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Alzira jamais se calou diante do preconceito
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Alzira: o racismo fere, machuca
Seguindo o legado de mulheres como Marielle Franco – vereadora assassinada no Rio de Janeiro (RJ) – a assistente social, funcionária do Ministério Público do Amapá, ativista e mulher de luta, é uma novidade no cenário eleitoral amapaense.
Abalar as estruturas é justamente o que ela e a moçada que lhe acompanha querem.