Iapen: presos pagavam por comida especial e aluguel de celulares, diz PF

Operação deflagrada nesta quarta em Macapá investiga esquema de corrupção envolvendo advogados e policiais penais para favorecer presos em troca de dinheiro.
Compartilhamentos

O esquema investigado pela Operação Queda da Bastilha contava com a ajuda de advogados e policiais penais para a entrada de celulares, drogas, armas e munições no Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen), afirmaram as autoridades.

A operação, conduzida pela Polícia Federal e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual, investiga um estruturado esquema de corrupção envolvendo advogados e policiais penais para favorecer integrantes de uma facção criminosa em troca de dinheiro.

Para isso, mais de 20 mandados, entre prisão e busca e apreensão, foram cumpridos em diversos bairros de Macapá, em endereços de criminosos, servidores públicos e nas celas do Iapen, de onde o esquema era coordenado.

Segundo a PF e o Gaeco, sob a supervisão de um dos líderes da organização criminosa – que seria um servidor do presídio –, internos que trabalhavam na cozinha do Iapen promoviam a venda de alimentação diferenciada para os detentos.

De melhor qualidade, a comida era chamada pelos presos de ‘marmita da liberdade’, mas só tinha acesso quem podia pagar por ela. O transporte do material da cozinha para os pavilhões era feito por um outro preso, que trabalhava como eletricista e possuía fácil trânsito para reparos na área.

Mais de 20 mandados de prisão e de busca e apreensão foram cumpridos

A investigação também apurou que alguns produtos proibidos, como celulares e seus acessórios, entravam na cadeia levados por advogados de presos do grupo criminoso. Eles eram ajudados, segundo a PF e o Gaeco, por funcionários do estabelecimento prisional.

Após entrarem ilegalmente no presídio, os aparelhos eram deixados por servidores escondidos na ‘bomba d’água’ do sistema de abastecimento da cadeia. Aos presos que não tinham acesso, uso o aparelho era negociado por um aluguel de R$ 100 por dia.

A operação

Nesta quarta-feira (14), mais de 80 agentes policiais da Força Tarefa de Segurança Pública (FTSP), do BOPE, da Força Tática e Polícia Rodoviária Federal, cumpriram 22 mandados de busca e apreensão em residências dos investigados e escritórios de advocacia, em Macapá, nos Bairros Pacoval, Central, Cidade Nova, Jardim Equatorial, Novo Buritizal, Perpétuo Socorro, Trem, Cabralzinho e Fazendinha.

Também cumpriram outras 6 ordens judiciais de busca no Iapen, 4 em celas de internos e 2 em salas de servidores do instituto.

Houve também o cumprimento de oito mandados de prisão preventiva e um de prisão domiciliar contra servidores públicos, advogados e presos do regime fechado, além do bloqueio de valores depositados em contas bancárias e aplicações financeiras de vinte e um investigados.

A operação desta manhã é decorrente da prisão de Letícia Kenya Staut Ferreira, nutricionista de empresa terceirizada que fornecia alimentação para ao Iapen e foi flagrada, facilitando a entrada de drogas, armas e munições na penitenciária, em 4 de fevereiro deste ano.

Após a prisão dela, a PF e o Gaeco identificaram indícios de diversos tipos de fraudes e crimes no interior do presídio, dentre os quais, esquema para: fornecimento de alimentação diferenciada para alguns internos, mediante remuneração; entrada de celulares e drogas; fornecimento de atestado médico falso para concessão de prisão domiciliar ilegal; e irregularidades no uso de tornozeleira eletrônica.

Segundo as investigações, essas fraudes ocorriam com a participação de servidores da segurança pública, advogados, presos e policiais penais do Iapen.

Seles Nafes
Compartilhamentos
Insira suas palavras de pesquisa e pressione Enter.
error: Conteúdo Protegido!!