Delegado jogou celular na caixa de descarga, afirma MP em denúncia contra Sidney Leite

Peritos tentam acessar mais informações dos celulares
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Por LEONARDO MELO

O delegado da Polícia Civil do Amapá, Sidney Leite, foi denunciado à justiça esta semana pelo Ministério Público do Estado por três crimes. Segundo os promotores que assinam a denúncia, ele também teria tentado atrapalhar as investigações ao se negar a dar a senha de um celular e jogar outro dentro da caixa de descarga do vaso sanitário.

Sidney Leite está preso desde de setembro. Ele foi alvo da Operação Queda da Bastilha, da Polícia Federal e Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaecco) do MPE. É acusado de se associar à facção Família Terror do Amapá (FTA) ao manter um relacionamento de amizade com o líder máximo do grupo criminoso, o traficante Ryan Richelle, o “Tio Chico”, transferido no início do mês para o presídio federal de Mossoró (RN).

Na denúncia enviada à justiça, os promotores Rodrigo Assis, Andréa Guedes e Christie Damasceno fazem um resumo das investigações que apontam um possível esforço do delegado para ajudar Tio Chico, que estava preso numa enfermaria do Iapen. Foi nessa enfermaria que o traficante teve o celular apreendido, em janeiro, contendo os diálogos que ligam os dois.

Depois dessa apreensão, a PF e o Gaecco fizeram mais duas operações onde foram apreendidos dezenas de celulares, chips, arma de fogo e drogas dentro do presídio. Uma nutricionista foi presa em fevereiro e um detento foi identificado como parte do esquema de entrada de objetos no Iapen. Ele acabaria sendo morto no dia da terceira operação, a Queda da Bastilha, que teve o delegado como alvo, além de servidores do Iapen e advogados.

O MP afirma que as conversas demonstram que em várias oportunidades o delegado se ofereceu para ajudar Tio Chico, como para alugar uma casa, e chegou a oferecer a própria residência para abrigá-lo quando fosse beneficiado com o regime domiciliar, que seria obtido com documentos médicos fraudulentos obtidos dentro do Iapen. O delegado também teria se oferecido para alugar um carro blindado, e um veículo chegou a ser deixado por Sidney numa oficina para reparos. O carro foi apreendido numa das fases da Queda da Bastilha.

Carro blindado deixado por Sidney Leite numa oficina foi apreendido. Foto: Ascom/PF

O delegado afirma que o relacionamento com Tio Chico era de policial e informante, sendo de conhecimento da delegaria geral e de outros colegas de profissão.

“Contudo, em nenhum dos diálogos obtidos na extração do celular de RYAN ou em qualquer outra diligência se demonstra que RYAN tenha dado uma única informação sobre alguma atividade criminosa ao delegado denunciado, ou seja, não há qualquer ajuda por parte de RYAN no auxílio de qualquer investigação presidida pelo ora denunciado Sidney Leite”, diz a denúncia.

O delegado está sendo denunciado por associação criminosa, exploração do prestígio e obstrução das investigações. Os dois celulares apreendidos com ele foram enviados pela PF à Brasília, onde peritos tentam fazer a extração de mais informações.

Seles Nafes
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