Policial que matou jovem após confusão em campinho tem preventiva decretada

Policial quebra refletores em campinho antes de disparar: juiz concluiu que o PM oferece risco à ordem pública
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Por LEONARDO MELO

Foi transformada em preventiva, na tarde de domingo (6), a prisão do policial que matou um jovem numa confusão após uma partida de futebol, na noite de sábado. O juiz Moisés Diniz, que conduziu a audiência de custódia, avaliou que o soldado oferece risco à ordem pública.

“Vejo que este demonstrou alta irritabilidade ao quebrar os refletores do campo de futebol e, armado, efetuou disparo atingindo a vítima pelas costas que estava assistindo ao jogo, elevando seu grau de periculosidade concreta, necessitando acautelar o meio social”, justificou o magistrado em sua decisão.

Luiz Ângelo Baia, de 23 anos, foi morto com um tiro de pistola 380 nas costas. O projétil entrou e saiu pelo tórax da vítima, que morreu no local, segundo informou a perícia.

O homicídio ocorreu por volta das 22h do sábado (5), no Campo do São Paulo, no Bairro Infraero I, na zona norte de Macapá. De acordo com a Delegacia de Homicídios, o policial militar Fábio Corrêa se irritou quando a bola de futebol bateu na rede elétrica deixando sua residência no escuro. Ele subiu num poste e quebrou os refletores.

Em seguida, abriu fogo e atingiu a vítima que, segundo a polícia e testemunhas, estava apenas acompanhando a partida de futebol e depois a confusão que se seguiu. O advogado Charlles Bordalo apresentou o soldado espontaneamente, mas o delegado Wellington Ferraz decidiu dar voz de prisão em flagrante. Bordalo alega que o jovem estava armado, e que o policial agiu em legítima defesa.

Na audiência de custódia, o policial disse que há 10 anos vem sofrendo com os danos causados pelo futebol no campinho, e admitiu que quebrou os refletores. Contudo, alegou que foi ameaçado por dois homens em uma bicicleta, entre eles Luiz Baía, que estaria armado.

Delegado Wellington Ferraz na cena do crime: polêmica sobre arma encontrada depois da perícia Fotos: Leonardo Melo

Corpo do jovem de 23 anos é removido pela Politec

A polêmica levantada pelo delegado Wellington Ferraz envolvendo a suposta arma da vítima, aliás, foi citada pelo juiz. Ferraz afirma que a perícia não encontrou arma nenhuma no local do crime, mas policiais militares que atenderam a ocorrência afirmaram ter localizado uma arma de fogo próxima ao campinho.

A suspeita de uma fraude teria sido um dos motivos para a prisão preventiva ter sido decretada.

“Encontraram uma arma de fogo em local já periciado…há, inclusive, inconsistências em seu depoimento em sede policial que merece maiores investigações”, concluiu.

O soldado foi encaminhado para o Centro de Custódia do Zerão.

Seles Nafes
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