Por SELES NAFES
Normalmente, os adversários de campanha costumam afirmar que após a eleição o “palanque está desfeito”, sinalizando que a guerra eleitoral acabou e é hora de trabalhar em conjunto pelo “bem do povo”. O problema é que, na prática, o armistício nem sempre se concretiza por uma série de fatores.
Entre os motivos que mais colaboram para impedir a pacificação estão os aspectos ideológicos, interesses políticos e econômicos, mas, sobretudo, a falta de inteligência emocional.
Em muitos casos, a guerra na campanha chega ao nível máximo de “romper a corda”, o que significa dizer que as feridas abertas por denuncismo eleitoral, ofensas, acusações e outros bombardeios da contrapropaganda dificilmente serão cicatrizadas. Dificilmente, eu disse. E afirmo isso porque na política o inimigo de hoje é o aliado de amanhã, e já vimos essa obra muitas vezes.
Foi assim com os Capiberibes (PSB) x Gilvam Borges (MDB), Gilvam x Jaime Nunes (PSD), Randolfe Rodrigues (Rede) x Davi Alcolumbre (UB), Furlan (sem partido) x Gilvam, Waldez (PDT) x Davi, Lucas Barreto (PSD) x Davi, Lula (PT) x Alckmin (PSB). E como dizia o ex-governador Anníbal Barcellos: “e por aí afora…”.
Esta semana, duas das maiores lideranças políticas do Amapá acenaram para uma pacificação com o novo governador, Clécio Luís (SD), diplomado no último dia 19. Lucas Barreto, que apoiou Jaime Nunes, fez questão de cumprimentar e aceitar o cumprimento de Clécio durante a solenidade no TRE. Rapidamente, os dois prometeram trabalhar juntos.
Já o prefeito Furlan fez um aceno público nas redes sociais parabenizando Clécio, e sugerindo até um café com o governador para discutir futuras parcerias em nome de Macapá.

Aceno de Furlan e convite para café

Lucas anunciando recursos para Macapá com Clécio, em 2020
Mais do que a conveniência política, os políticos (nem todos) já aprenderam há muito tempo que existe uma linha frágil entre ganhar uma eleição e fazer inimigos eternos. Nem sempre a pacificação é possível, mas ela é uma questão de sobrevivência política.
Afinal, estão todos no mesmo barco, e brigas só neutralizam ações produtivas que podem gerar boas avaliações do eleitor, que está mais atento do que nunca. Só quem briga, briga, briga e não produz nada, está fadado à aniquilação. É questão de tempo.