Médica se supera e passa no curso do Bope

A tenente relatou momentos de superação e admiração pela corporação. Ela é a primeira médica formada pelo curso de operação especiais da PM.
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Por ANDRÉ ZUMBI

O Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Amapá (BOPE) ganhou mais três combatentes femininas. Entre elas, destaca-se uma médica, a primeira da área da saúde a se formar pelo batalhão nesta profissão.

Enara Nascimento Borges, de 32 anos, é o tipo de pessoa – como ela mesma se define – que vive se desafiando.

A amapaense é a caçula de sete filhos. Contou que tem uma história de carinho pelo Bairro Santa Rita, na região central de Macapá, onde morou e foi criada pelos pais, a mãe agricultora e o pai motorista.

Saiu do Estado aos 17 anos para estudar medicina em Santarém, município paraense. Ela ingressou na universidade pública através de nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Tenente não recebeu nenhum tratamento diferenciado por ser mulher. Carregava um escudo de 12 quilos

As marcas nas mãos mostram a intensidade do curso

Durante os estudos no Pará morou com amigos e contava com a ajuda dos parentes para custear as despesas com casa, comida e roupa.

Formada há 10 anos, é especialista em pneumologia e em 2020 decidiu entrar para a carreira militar, onde atuava na área da saúde. Confessou que, inicialmente, o interesse em ingressar nos quadros da PM era somente o da estabilidade financeira, mas se identificou tanto com a profissão que quis ir além.

“Acabei vestindo realmente a camisa da polícia. Queria ser conhecida como policial militar não somente como a médica da polícia. E o Bope é aquele batalhão que todo mundo admira, inclusive eu (risos). É onde a forja é maior, a luta para estar aqui é maior. Veio aquela admiração e a vontade de estar aqui. Então, juntando essa vontade e conhecendo mais sobre o batalhão, especificamente na atuação do socorrista da Companhia de Choque, me despertou o interesse em estar aqui”, disse a tenente.

A tenente deixou claro que não recebeu nenhum tratamento diferenciado por ser mulher, muito pelo contrário, disse que foi testada até o seu limite máximo. A prova disso estão nas mãos, marcadas por feridas durante o treinamento.

Formada há 10 anos, ela é especialista em pneumologia e…

… em 2020 entrou para a carreira militar…

… onde atuava na área da saúde. Fotos: Arquivo Pessoal

Lembrou que tinha que carregar um escudo de madeira de 12 quilos. Dos 32 que iniciaram o curso, restaram apenas 17.

“Realmente o treinamento te leva ao limite, principalmente na parte psicológica e nessa parte somos bem cobrados, até mesmo para saber como a gente vai atuar na rua. Na rua, tudo é uma surpresa. A tropa de choque tem a prerrogativa de atuar em intervenção prisional, controle de distúrbios civis. Então, ela utiliza alguns agentes químicos específicos como gás lacrimogênio, spray de pimenta. E se um desses agentes contaminar o policial, ele tem que ter o controle para suportar esse agente químico. Passamos por privação de sono e de alimento, enfim, somos forjados e preparados para passar por essas situações”, contou a policial.

Ela lembrou que a família foi muito importante durante todo o processo, desde a formação acadêmica e até mesmo no curso do Choque. Uma das irmãs ajudou bastante durante os intervalos entre um dia e outro de curso.

Além de Enara, formaram-se também mais duas soldados: Pabla Daniele Freitas e Josilene Cristina dos Santos Carvalho

“Ninguém se colocou contra a minha decisão. Teve uma irmã minha que todos os dias esteve aqui, todos os dias me ajudando, lavando minha farda só lama, fazendo café da manhã. Eu dei pra ela, porque eu disse que ela se formou comigo. Eu não estaria aqui formada se não fosse ela e o resto da minha família”, reconheceu.

A formatura dos novos policias aconteceu na quarta-feira (21). Além de Enara, formaram-se também mais duas soldados: Pabla Daniele Freitas e Josilene Cristina dos Santos Carvalho.

Seles Nafes
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