Na política, Amapá terá oportunidade única em 2023

O diplomado governador Clécio Luís (SDD) tem, em suas mãos, uma oportunidade histórica muito para além do que estas parcas linhas puderam alcançar e sabe que o tem.
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA*

Aquela anedota – já bem batida, é verdade – do sujeito pessimista que olha o copo vazio, do otimista que o enxerga cheio de água e do realista que o vê pela metade, tem algum sentido para o Amapá nessa quadra histórica.

Diria, realisticamente, que o copo esteve bem vazio no período anterior, que hoje está pela metade e que há condições reais de o copo ficar cheio do líquido precioso logo mais.

Explico: ao que tudo indica, essa esquina da história do Amapá – na curva de 2022 para 2023 – oferece uma oportunidade ímpar para uma virada nos rumos do estado.

O anúncio da Petrobras em investir cifras bilionárias, já no ano que se aproxima, no que batizou de “Amapá Águas-Profundas”; a relevância da representação do Amapá em Brasília, com o senador Randolfe Rodrigues (Rede) sendo líder do governo no Congresso, com sua inegável proximidade com o presidente Lula (PT); a influência no parlamento brasileiro, especialmente no Senado, conquistada na etapa anterior com a então presidência do senador Davi Alcolumbre (UB); Waldez Góes como ministro da Integração; a importância geopolítica mundial que a Amazônia tem como um todo, e que o Amapá pode protagonizar em tempos de crise climática, com gestão soberana e inteligente que pode nos lograr diversas oportunidades; a renovação dos quadros políticos, com a criação de um capital social maior do que em períodos anteriores, tudo isso e outros elementos, podem convergir para esse ponto de virada.

A esquina da história do Amapá, na curva de 2022 para 2023, oferece uma oportunidade ímpar para uma virada nos rumos do estado

Quer dizer, não há uma única ‘saída’ para o Amapá, mas uma diversidade de ações em diversas áreas econômicas que podem conferir o dinamismo necessário para mudarmos o jogo.

Em relação ao petróleo e gás, por exemplo, temos a vacina para a tal “doença holandesa”, que é assegurar em contrato toda a sorte de garantias ambientais e não perder de vista que a exploração mineral é sempre uma atividade finita, como nos ensinou a Icomi.

Petrobras anunciou cifras bilionárias em 2023 no “Amapá Águas-Profundas

Esvaziamento

A análise dos dados preliminares do Censo 2022 do IBGE acendeu um alerta ainda maior sobre a situação do Amapá. Quem esperava um número já próximo do primeiro milhão de habitantes tem que considerar que o fluxo migratório foi tão intenso para outras regiões, notadamente o sul do país, que impactou severamente sobre aqueles que decidiram construir suas vidas nestes limites setentrionais.

Se por um lado estudos geográficos e sociológicos apontam para os problemas decorridos dos inchaços populacionais ocasionados por algum boom econômico momentâneo, a inanição da atividade econômica também promove – e ao que parece promoveu – um esvaziamento, um êxodo de pessoas em busca de empregos e melhores serviços para outras regiões. Sem gente, asseguro, não há crescimento e tampouco desenvolvimento.

E não há que se perder de vista que população é um dos critérios para fatiar o bolo dos repasses mensais do Fundo de Participação dos Estados (FPE).

Até o dia 5 de dezembro, foram recenseadas 587.033 pessoas. Foto: IBGE

Olhar pra cima

Desde algum tempo há diversas vozes no pensamento social amapaense que defendem que devemos, também, “olhar para cima”. Ou seja, que nossa localização como um entreposto comercial maior e deve suprir a busca pelos mercados das Guianas, América Central e do Norte.

Para isso, a obra federal mais antiga em andamento do Brasil, a BR-156, precisa ser concluída. Parece até enfadonho falar disso na virada para 2023, mas é necessário.

Clécio Luís (SDD) tem, em suas mãos, uma oportunidade histórica

Em quatro anos do atrapalhado governo federal que se finda nos próximos dias, houve avanços de apenas aproximados 6 Km pavimentados, via DNIT. Uma lástima. Restam, no trecho norte da rodovia, algo em torno de 115 Km por serem feitos. Se, ao final de quatro anos, a epopeia da construção e pavimentação da rodovia estiver finalizada, enfim, uma obra estruturante, fundamental para essa virada que estamos projetando, terá sido feita.

Para isso, será necessário enfrentar patrimonialismos e vícios instalados em órgãos públicos e empresas privadas, da união de toda a classe política, em ação similar a que ocorreu em torno da construção do Hospital Universitário da Unifap. E é preciso, sobretudo, o entendimento das oportunidades que estão postas neste momento e que irá depender das escolhas feitas no presente o futuro do Amapá.

A relevância da representação do Amapá em Brasília, com o Senador Randolfe com proximidade com o presidente Lula

Amapá tem com Davi a influência no parlamento brasileiro, especialmente no Senado, conquistada na etapa anterior com a então presidência

O diplomado governador Clécio Luís (SDD) tem, em suas mãos, uma oportunidade histórica muito para além do que estas parcas linhas puderam alcançar e sabe que o tem. É claro que, mais importante do que tudo, desenvolvimento só é desenvolvimento se nosso povo tiver comida no prato, água nas torneiras, energia em casa e trabalho com renda para pagar dignamente essas contas.

O objetivo, é claro, é trazer qualidade de vida para a população e projetar, para os próximos 20, 30 ou 40 anos, o Amapá do futuro. A ver.

*Sociólogo e mestrando em Desenvolvimento Regional (MDR/Unifap)

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