Contrabaixista se ‘redescobre’ na arte de restaurar instrumentos musicais

Neto do Mestre Oscar Santos aprendeu a tocas ainda adolescente, mas foi no mercado da customização que ele encontrou seu caminho
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Por ANDRÉ ZUMBI

O contrabaixista amapaense Helder Melo decidiu dedicar-se à arte de consertar e reformar instrumentos musicais. Na pandemia, segundo ele, foi o melhor período para ganhar dinheiro e fazer novos clientes neste mercado.

Neto do consagrado músico Mestre Oscar Santos, ele começou a tocar ainda adolescente, mesmo período que se interessou pelo ofício de lutier.

É conhecido entre os músicos amapaenses como um dos melhores baixistas da atualidade no estado. Desde os 14 anos – idade em que começou a aprender música na Escola de Música Walkíria Lima – sempre se interessou pelos componentes eletrônicos que fazem o instrumento funcionar, principalmente os que ele tocava. Esses, ele fazia questão de modificar.

Para alimentar essa curiosidade e aprender mais sobre o assunto, investiu na compra de revistas que mostravam como esses componentes funcionavam e de como era o mercado de instrumentos customizados no mundo.

“Tinha muita matéria falando desse mercado custon. O mercado custon é o seguinte: você só vai ter um equipamento de lá se você encomendar. E hoje o Brasil tem excelentes profissionais nesse mercado, tanto que os meus instrumentos são todos customizados. São equipamentos que não devem nada para equipamentos que tem lá fora”, explicou o lutier.

Há 9 anos ele transformou a curiosidade em trabalho e passou a reformar e consertar instrumentos de corda. Fotos: André Silva/SN

Há 9 anos ele transformou a curiosidade em trabalho e passou a reformar e consertar instrumentos de corda, quando viu que o mercado pedia por profissionais de confiança.

“Eu via muita gente reclamando. Tinha levado o instrumento e tinha voltado com o som diferente e quando iam abrir tinha peças trocadas. Eu decidi entrar no mercado fazendo justamente o que outras pessoas não estavam fazendo. Quando o cliente entra aqui eu tento fazer o serviço enquanto meu conhecimento de músico e professor de contrabaixo. Tento dar um tratamento para o cliente para que ele não leve o instrumento dele para outra pessoa. Eu tento trabalhar de forma fidelizada. Não quero serviço daquele momento, quero que ele faça parte do meu elenco de clientes de forma definitiva”.

Com habilidade…

… ele customiza os instrumentos

Assim, a carreira de lutier começou: primeiro consertando os instrumentos dos amigos com quem já havia tocado, depois para quem esses amigos indicavam. Deu tão certo que hoje ele é conhecido como um profissional de confiança e o ofício tornou-se sua principal fonte de renda.

Helder explicou que quando começou a operar no mercado de customização, as portas para os principais fabricante brasileiros se abriram. É daqui do Brasil que ele compra os componentes para os instrumentos como captadores e potenciômetros.

Helder gosta de usar…

… componentes de fabricação nacional

“Como eu sou um entusiasta da indústria nacional, prefiro comprar as coisas feitas aqui. Quando você vai conversar com o cara (fabricante) tu já consegue o whatsapp dele, fala diretamente com ele. Quando dá algum problema tu já consegue resolver direto com ele. Diferente de quando você tem um equipamento importado. Com esse tipo de fabricante você não consegue ter contato, então tem que conseguir um cara no Brasil que consiga resolver essas broncas e, graças a Deus, o Brasil tem esses caras”, justificou o lutier.

Ele passou por várias bandas e tocou com músicos consagrados da Música Popular Amapaense. Teve participação na Banda Brinds e gravou com músicos do Movimento Costa Norte, que tinha em sua formação Amadeu Cavalcanti, Zé Miguel, Osmar Junior e Val Milhomem. Atualmente, toca na banda Mini Box Lunar e faz participação em grupos e acompanha músicos em carreira solo.

Em casa, ele tem ferramentas e componentes para customizar os instrumentos

Além de consertar os instrumentos, também está se especializando na fabricação de contrabaixos elétricos e na reforma de instrumentos não temperados como violino, cello, viola e contrabaixo acústico.

Além de músicos amapaenses, Helder tem clientes no Pará e Guiana Francesa.

“Quando você trabalha de uma forma que o cliente não se sente lesado, ele vai falar bem de você, da mesma forma de quando você trabalha desonestamente a conversa chega muito longe”.

Seles Nafes
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