Imagem de garoto que doou cabelo para crianças com câncer é usada em história falsa

A influenciadora digital fez uso da imagem do garoto em um vídeo no Instagram para contar uma história falsa.
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Por ANDRÉ ZUMBI

A mãe de garoto que doou os longos cabelos para crianças com câncer no Amapá, em 2019, denunciou a advogada e influenciadora digital Rayssa Ribeiro, de Goiás, por uso indevido da imagem do filho em suas redes sociais.

As fotos do garoto Pyetro Gabriel, que teve a história contada pelo Portal SelesNafes.com, foram usadas em um vídeo postado no perfil da influencer no Instagram, no qual o enredo principal traz a mensagem de que “cabelo grande é coisa de menina”.

Quando Cleanny Cruz, mãe do menino, soube do uso das imagens do filho, que hoje tem 10 anos, a publicação já havia ultrapassado as 300 mil visualizações. Rayssa Ribeiro tem 147 mil seguidores.

O vídeo contém imagens extraídas da reportagem produzida pelo Portal SN. Ele relata uma história na qual uma madrasta de um garoto que tem 10 anos tem o cabelo grande como consequência de uma promessa feita pela mãe dele. O cabelo só seria cortado quando o menino completasse 18 anos, narra o vídeo, que no decorrer da apresentação expressa opinião contra meninos de cabelo grande, por isso, a personagem supostamente levou o menino a um salão.

“Menino tem que ter cabelo curto”, diz a voz usada na publicação. Veja o vídeo:

Entretanto, a história que a advogada postou no seu perfil é fantasiosa e nada tem a ver com o garoto Pyetro Gabriel. O enredo verdadeiro sobre o cabelo do menino é que o ato generoso veio depois que ele assistiu um vídeo de uma criança que lutava contra o câncer e estava careca (por conta da quimioterapia). Pyetro se sensibilizou e decidiu doar as madeixas para a menina em tratamento.

Cleanny Cruz só tomou conhecimento do vídeo na terça-feira (17), depois que estava disseminado em vários grupos de WhatsApp.

Enredo principal do vídeo traz a mensagem de que “cabelo grande é coisa de menina”. Fotos: Reprodução

“Eu fiquei em choque com tamanha maldade. Fiquei me perguntando: ‘até onde uma pessoa pode chegar só pra ter like?’. Pegaram fotos de uma atitude linda do meu filho e transformaram em um vídeo sem noção”, lamentou a mãe.

Ela contou que o filho sente vergonha de sair de casa depois que o vídeo foi publicado.

“O coleguinha questionou ele dizendo que a madrasta tinha raspado o cabelo dele, sendo que ele não convive nem com o pai”, revelou Cleanny.

Publicação chegou a ultrapassar 300 mil visualizações

Ela registou um Boletim de Ocorrência na Polícia Civil do Amapá, denunciando o ato irresponsável. Também contratou um advogado com intuito de mover um processo contra a influenciadora.

“As pessoas precisam saber que as redes sociais não é a casa da ‘mãe Joana’. E você não pode fazer o que quiser através de uma tela de computador ou celular. A justiça tem que ser feita”, enfatizou a mãe.

Mãe registrou um BO

Cleanny entrou em contato com a advogada, que se comprometeu em fazer um vídeo de retratação. Foi quando Rayssa apagou a publicação. Contudo, a mãe de Pyetro acha pouco.

“Quero que o direto do meu filho seja garantido. Meu filho foi um ser humano incrível e usaram a imagem dele, sendo uma criança, de má fé. Pegaram a imagem de uma ação linda que ele fez só pra ganhar like. Quero justiça”.

O que diz a influenciadora

A reportagem falou com Rayssa Ribeiro. Ela negou ter editado o vídeo postado em seu perfil e tentou amenizar a polêmica ao lembrar que o rosto da criança não é mostrado na postagem. Também ressaltou que a sua intenção com a publicação foi de alertar seguidores sobre o limite de ação que madrastas devem ter.

Rayssa Ribeiro tem 147 mil seguidores

Veja o posicionamento de Rayssa Ribeiro enviado ao Portal SelesNafes.com na íntegra:

“O vídeo não foi feito por mim, vi o vídeo em uma conta do tiktok, o qual conta histórias de seguidores, no vídeo não mostra o rosto da criança, repostei o vídeo em minhas redes socias com o único objetivo de mostrar para minhas seguidoras que madrastas não podem tomar decisões, já que é nessa área que eu trabalho.

A partir do momento que a mãe da criança entrou em contato comigo e me disse que a história não era verídica eu imediatamente apaguei o vídeo das minhas redes sociais e fiz um vídeo de retratação relatando exatamente o que relato aqui.

Importante deixar claro que, em nenhum momento expus a criança ou a genitora. Quando ela entrou em contato comigo, expliquei todo o aqui narrado, pedi desculpas pelo ocorrido coloquei os meus serviços à disposição, sem ônus, pois o objetivo do meu trabalho sempre foi a defesa das mães e de seus filhos.”

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