O triste fim de um pioneiro do jornalismo

Barreiro Crisanto, de 84 anos, morreu com Alzheimer no interior da Paraíba, depois de uma longa trajetória no Amapá
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Por SELES NAFES

Entre os anos 1980 e 1990 não havia no meio político, empresarial ou do jornalismo quem não conhecesse Barreiro Crisanto. De grandes olhos verdes, barba bem aparada e sempre muito bem vestido, o jornalista era daqueles que sempre tinha um conselho para dar, especialmente sobre a saúde. Na manhã desta segunda-feira (30), aos 84 anos, ele foi encontrado morto pela família na casa onde estava viveu nos últimos anos, no interior da Paraíba.

Barreiro Crisanto foi um dos fundadores do Sindicato dos Jornalistas do Amapá (Sindjor), no início da década de 1990. Era natural de Itaporanga, a 420 km de João Pessoa. No Amapá, o jornalista escreveu para vários veículos de comunicação e revistas.

Ele fundou o Sindjor e foi um dos primeiros a debater e incentivar a regularização dos profissionais e seus direitos junto às empresas de comunicação e Ministério do Trabalho. Antes disso, chegou a ser chefe do Juizado de Menores e diretor do Hospital Geral durante o governo Nova da Costa (1985 a 1990). Também foi diretor de Comunicação Social da prefeitura de Macapá na gestão de João Capiberibe (1988 a 1992). 

O amor pela profissão era dividido com o culto ao corpo e à mente. Crisanto fez e ministrava cursos sobre medicina holística, um ramo da medicina alternativa que usava a meditação e outras técnicas tratamento de doenças em geral. Com esse conhecimento, ele foi contratado pelo Centro de Referência em Tratamento Natural, o extinto CRTN, na Avenida FAB.

Após o terceiro casamento, ele passou a viver um drama social. Em 2017, sem ter onde morar, desempregado e já apresentando os primeiros sinais de demência, ele foi abrigado por um empresário em um hotel de Macapá.

Crisanto estava vivendo na terra natal, Itaporanga

Além do jornalismo, se dedicava à medicina alternativa

Dia 16 de agosto de 2017: ao lado do funcionário da Gol, depois de se perder em Belém

Ainda em 2017, uma das filhas mandou buscá-lo para morar com ela em Brasília (DF). No entanto, Crisanto desembarcou do avião em Belém, despercebido pela tripulação. A família havia contratado um serviço especial de acompanhantes da Gol para conduzi-lo até Brasília.

Ao desembarcar em Belém, o jornalista passou a subir e descer de vários ônibus até ser encontrado sentado em um banco no Bairro de Nazaré, região central de Belém, 3 dias depois. Ele usava as as mesmas roupas, um terno completo preto. 

Barreiro Crisanto foi reconhecido por um morador de Belém após uma postagem da filha nas redes sociais. Um funcionário da Gol foi buscá-lo (foto) e ele, finalmente, continuou a viagem para Brasília, onde morou por três meses em uma chácara da família, segundo informou Pauli Crisanto, irmão do jornalista.

“Ele foi morar em Itaporanga, onde temos um irmão que sempre ia lá visita-lo para ver se estava tudo bem”, explica Paulo Crisanto.

Nesta manhã, ele foi encontrado em casa, já sem vida. Barreiro Crisanto tinha Alzheimer, entre outros problemas de saúde. Deixou 9 filhos de três casamentos.

O sepultamento está marcado para amanhã, às 10h.

Seles Nafes
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