Pais protestam por vagas no 6º ano em Macapá

Estabelecimento fica na zona norte da capital do Amapá. Eles reclamam que desde que a escola passou a ser de gestão compartilhada não sobraram mais vagas.
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Por ANDRÉ ZUMBI

Pais que enfrentam dificuldades para matricular seus filhos na Escola Estadual Professor Antônio Lima Neto, localizada no Bairro Parque dos Buritis, zona norte de Macapá, desconfiam da lisura no processo de preenchimento das vagas ofertadas este ano. Segundo eles, desde que a escola passou a ser de gestão compartilhada militar, não sobrou mais vaga.

O estabelecimento educacional oferece vagas do 6º ano do fundamental 2 ao 3º ano do ensino médio. A lógica, segundo os pais, seria que ela atendesse alunos vindos de escolas de ensino fundamental que estão instaladas nos bairros ao redor, como: Infraero 2, Ilha Mirim e Loteamento Açaí. Contudo, segundo a direção, o espaço físico não suporta a demanda.

Agora, os alunos que estão saindo do fundamental 1 (1º ao 5º) para o fundamental 2 (6º ao 9º ano), encontram dificuldades para conseguir vaga naquela área da cidade.

Paulo Roberto, da Associação de Moradores do Bairro Parque dos Buritis, elencou uma série de dificuldades para esses alunos chegarem a escolas mais distantes – que é onde os pais estão conseguindo vaga – entre elas a precariedade na oferta de transporte público e o risco que isso representa, pois são crianças de 11 anos.

Segundo ele, desde que a instituição passou a ser de gestão compartilhada, em 2019, não sobrou mais vaga para os adolescentes do bairro.

Vagas são decididas em sorteio nas escolas de gestão compartilha militar. Fotos: Divulgação

“Todo ano tem um sorteio onde resulta em uma lista de espera com 100 a 150 alunos. O que nós queremos é que a Secretaria de Educação abra vagas preferenciais para as crianças do nosso bairro, porque não tem transporte coletivo suficiente e de qualidade para levar as crianças para outros bairros, 70% da demanda é de meninas, então, é muito arriscado esse deslocamento delas”,

Moradora do Parque dos Buritis, a dona de casa Elizete Pinheiro, de 53 anos, tenta vaga para o neto de 11 anos. Ela disse que o menino estudou na Escola Municipal Vera Lucia Pinon, no Infraero 2.

“Não é justo para a gente que mora aqui no bairro. Ele não sabe pegar ônibus, então fica difícil. Já não tem vaga em escola nenhuma”, reclamou.

Pai reclamou que primeiramente o recipiente do sorteio era transparente …

… e depois foi trocado por saco opaco. Fotos: Divulgação

O policial civil Hélio Pinheiro, de 57 anos, diz estranhar procedimentos no sorteio das vagas. Ele citou troca de urnas usadas para sortear o nome das crianças e falta da presença do Ministério Público (MP) durante o evento. 

“Primeiro que o MP não estava presente, que era para estar porque faz parte do protocolo que garante a lisura do processo. Se você puxar pelo Facebook a imagem do dia do sorteio, você vai ver que começaram numas urnas de vidro e, no meio do jogo, colocaram dentro de um saco. Bagunçou tudo. Aí, começaram o sorteio. O meu filho ficou na lista de espera. Como antigamente quando era escola normal tinha vaga e agora não tem mais?”, questionou.

A diretora da instituição, Salime Shibayama, não quis gravar entrevista, mas explicou que o MP foi convidado, no entanto, não mandou representante. Ela ressalta que a escola não suporta a demanda do bairro e que já sugeriu aos pais procurarem a escola recém-inaugurada no conjunto habitacional Miracema, a Carlos Alberto Viana Marques.

De acordo com ela, a escola é a única na região a atender a demanda da 6ª série do fundamental ao 3º ano do médio, por isso trabalha no limite.

Pais foram aconselhados a procurar vagas na escola recém-inaugurada no conjunto habitacional Miracema, a Carlos Alberto Viana Marques. Foto: André Zumbi/SN

Shibayama afirmou que estão matriculadas apenas crianças da comunidade e que para garantir isso os servidores fizeram visitas de casa em casa das pessoas que estavam concorrendo ao certame.

Ela marcou uma audiência pública com os pais e responsáveis para o próximo sábado (28), onde juntos irão debater o problema.

O processo seletivo

O processo de seleção para novos alunos de escolas de gestão compartilhadas segue um rito diferente. Primeiro, os pais fazem a chamada escolar, onde a Secretaria de Educação tem uma parcial de quantas pessoas apontaram o interesse em estudar na escola.

Depois disso, vem a pré-matrícula. É nesse momento que os nomes dos pretensos alunos são selecionados e todos vão para um sorteio.

Este ano, 290 pessoas apresentaram interesse em entrar na Antônio Lima Neto, que dispunha apenas de 180 vagas.

De acordo com a diretora, os alunos que não foram selecionados no sorteio, estão em uma lista de espera e assim que surgir novas vagas, os pais serão contatados.

Seles Nafes
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