Parentes de dependentes químicos também precisam de tratamento, diz psicólogo

Em Macapá, grupo terapêutico vai ajudar famílias de dependentes químicos
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Por SELES NAFES

Só quem tem um filho, marido, esposa ou pais dependentes químicos sabe o tamanho do desgaste emocional envolvido. Muitos parentes acabam adoecendo, graças a uma condição que a psicologia trata como codependência.

No próximo dia 28, no Instituto Carla Ramos, no Bairro Jardim Felicidade I, em Macapá, começará a funcionar o Grupo Terapêutico Ressignificando, uma iniciativa do psicólogo Ericcson Figueira, que há vários anos trabalha exclusivamente com dependência química.

Quando você começou a trabalhar com dependentes químicos?

Em 2019, quando estava fazendo a minha pós-graduação. Era uma área que eu já tinha muito interesse porque tive dois tios alcoólatras e isso sempre me chamou muito atenção. Desde lá estou trabalhando em centro de reabilitação, procurando entender como funciona a drogadição e como ela afeta a família. Precisamos entender o dependente químico e não julgá-lo. Precisamos entender que o dependente é uma pessoa doente, que precisa de atenção psicológica, social e de saúde.

Como a psicologia ajuda no tratamento?

Na questão do comportamento. A gente entende que dependência química é primeiramente um processo comportamental. Diversas situações podem fazer a pessoa entrar no mundo das drogas. Muitas vezes descobrimos que esse processo se inicia na infância. É nisso que a psicologia ajuda, a chegar na origem.

Quais os fatores que levam uma pessoa a usar drogas?

Fatores externos, internos e genéticos. Os externos são trabalho, convívio social, familiar…fatores internos podem ser a regulagem hormonal, uma pré-disposição…e o fator genético é uma herança de um familiar também dependente.

Dependentes químicos que vivem na orla de Macapá. Foto: Seles Nafes

Por que os parentes são considerados codependentes?

A codependência está sendo cada vez mais estudada pela psicologia. Por mais que não façam uso de qualquer substância, o familiar acaba adoecendo junto com o dependente por diversas situações as vezes graves que ocorrem por causa do uso de drogas. A codependência pode se desenvolver em maior ou menor grau.

Qual o tipo de adoecimento?

São os mais variados, desde a depressão por conta da culpabilização. Muitos familiares se culpam, acham que não conseguiram salvar aquele ente querido. Por isso, muitos familiares são acometidos de ansiedade, ataques de pânico…as consequências são avassaladoras.

Como vai ser esse encontro no dia 28?

A ideia é ouvir essas famílias. A codependência também precisa ser tratada como a dependência química. A ideia é oferecer um espaço onde as pessoas terão oportunidade de falar, receber atenção e tratamento. As histórias que serão contatadas vão oferecer um momento de autoidentificação. Como psicólogo facilitador terei o papel de conduzir essas pessoas para um processo de tratamento. A ideia é montar um grupo onde um vai dar suporte para o outro.

Então a ideia é fazer um grupo permanente?

Sim. A proposta do dia 28 é sentir o grupo, ver como as pessoas vão se adaptando. Mas a ideia é fazer encontros semanais. As pessoas poderão permanecer pelo tempo que acharem necessário.

Como faz para participar?

Mandando uma mensagem para o WhatsApp 98133-1786.

 

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