Após abuso em ônibus, protesto marca Dia Internacional da Mulher em Macapá

O ato foi motivado depois que uma passageira do transporte coletivo foi importunada sexualmente dentro de um ônibus em Macapá.
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Por ANDRÉ ZUMBI

Em Macapá, um grupo de mulheres que moram no Bairro Marabaixo, zona oeste, decidiu fazer diferente das homenagens e comemorações habituais do Dia Internacional da Mulher, nesta quarta-feira, 8 de março.

Elas fizeram um protesto em frente à Companhia de Trânsito de Macapá (CTMac) para cobrar mais segurança e respeito para às passageiras do transporte público da capital do Amapá.

O ato foi motivado depois que uma das moradoras do bairro, Leidiane da Silva Ribeiro, de 41 anos, sofreu abuso sexual na manhã de segunda-feira (6), enquanto ia para o trabalho. Ela relatou que um homem ainda desconhecido se esfregou nela duas vezes e teve uma ereção dentro do coletivo. A mulher gritou, mas ninguém, incluindo o motorista, ajudou.

“Por isso estamos aqui, para sermos ouvidas desta vez. Quando aconteceu comigo, gritei várias vezes até o motorista parar. Ninguém me ajudou, nem mesmo ele. Depois que eu desci do ônibus ele foi embora. Eles que dirigem precisam receber orientação de como ajudar nessas situações, por isso estamos aqui”, explicou Leidiane.

Revoltadas, ela e a irmã, a pastora Rosane da Silva Ribeiro, de 43 anos, decidiram convocar as amigas e amigos, e até mesmo mulheres que tenham passado pela mesma situação, a se unirem a elas no ato.

Pastora Rosane mostra o pedido de providências contra abusos contra as passageiras. Fotos: André Zumbi/SN

“Depois que a gente fez a denúncia, recebemos relatos de várias vítimas que disseram que passaram algo pior que ela, mas, infelizmente, elas se calaram e não se sentiram seguras em gritar como ela [Leidiane] fez. Estamos aqui hoje na frente da CTMac porque entendemos que é um órgão responsável pelo transporte público. Esse, para nós, é um primeiro ato. O primeiro grito de convocação para as mulheres que já passaram por isso”, destacou a pastora.

O cozinheiro e ex-cobrador de ônibus, José Gabriel, 48 anos, é cunhado da Leidiane e se uniu à causa. Segundo ele, depois que os motoristas assumiram a atividade de cobrador, questões como essas ficaram mais difíceis de ser controladas.

José Gabriel lembrou que quando era cobrador, chegou a presenciar o abuso de um passageiro e a comunicação com o colega facilitou a prisão em flagrante do criminoso. Ele relatou a história.

Ex-cobrador de ônibus, José Gabriel, relatou um dos abusos que presenciou

“Eu trabalhava na linha Infraero/Marabaixo. Em horário de pico, esses ônibus vêm muito cheios. Uma vez, a gente chegou a parar o ônibus em frente ao Ciosp, porque eu observei que um homem estava tirando fotos com o celular, por debaixo da saia de uma passageira. Eu vi, dei o sinal para o motorista na campainha, ele olhou pelo retrovisor e dei o sinal, ele percebeu.  Chamamos um policial e ele tirou o ‘camarada’ para fora”, narrou.

O diretor de transporte da CTMac, Paulo Roberto, recebeu representantes do ato. Ele garantiu que o órgão vai iniciar, já na segunda-feira (13), uma campanha educativa nos ônibus para orientar passageiros e motoristas.

O diretor também solicitou as filmagens do coletivo envolvido para ajudar a polícia a identificar o abusador.

Organizadoras do protesto entregam documento pedindo providências. Foto: Simone Guimarães

“Em nome da sociedade, pedimos desculpas à Leidiane pelo que ela sofreu e parabenizamos ela pela coragem e inciativa de denunciar. A educação que será feita nos coletivos com os motoristas e a população é no sentido que não aconteça o mesmo que houve com ela e ninguém ajudou”, garantiu o diretor.

Seles Nafes
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