Caso Emily: júri 100% masculino vai julgar feminicídio no Amapá

Julgamento em Macapá pode durar até três dias. Sentado no banco dos réus está o ex-policial militar Kassio Mangas.
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Por ANDRÉ SILVA

Quase 5 anos após o crime, iniciou na manhã desta segunda-feira (22), o julgamento do ex-policial militar Kassio de Mangas dos Santos, acusado de matar a ex-namorada, Emily Karine de Miranda. Ela também era policial, cabo da PM do Amapá.

O advogado de acusação, Cícero Bordalo, assegurou que vai pedir pena máxima, 30 anos, pelo feminicídio. Ele protestou pela escolha do júri 100% masculino – composto por sete homens. Para ele, poderá haver imparcialidade no julgamento.

“Como pode um crime de feminicídio ter no júri apenas homens? A defesa do assassino recusou todas as mulheres sorteadas”, disparou o advogado.

A acusação sustenta que o réu premeditou o crime. Apontou que Kassio teria em seu poder uma arma da corporação, com a qual deveria permanecer por apenas 24h, mas não teria assinado as cautelas que dariam a ele o direito de ficar mais dias com o armamento. A arma foi a mesma usada para matar a cabo Emily.

Familiares e amigos acompanham o julgamento. Fotos: André Silva/SN

Do lado de fora, cartazes e faixas pedem justiça

Kassio Mangas senta no banco dos réus

Advogado Cícero Bordalo é assistente de acusação

“Ele não assinou mais as outras cautelas, permanecendo com ele escondido (o armamento) o tempo todo. Premeditado tudo minuciosamente. Não deixou a mãe da Emily visitar ela à tarde porque já planejava assassinar a Emily”, acusou Cícero.

A prima da vítima, Graziela Miranda, de 34 anos, também acredita que o julgamento pode ser prejudicado.

Graziela: “Só de imaginar as dores que ela sofreu, dói na alma”

“Não foi apenas a vida da Emyli que foi tirada. Foi uma família inteira que foi destruída. Uma família que sofre até hoje, tem pesadelos, que chora e que sente muito a falta da Emily. Senti muito da forma que ela morreu. Só de imaginar as dores que ela sofreu, dói na alma. Queremos só que a justiça seja feita”, disse a prima.

Um dos advogados do ex-policial, Elvio Farias, sustenta que a confissão do réu é inquestionável, mas alegou que os fatos não ocorreram como “vêm sendo vendidos nos últimos cinco anos”.

Advogado de defesa, Elvio Farias

Isto porque, cenas do crime, ocorrido no dia 12 de agosto de 2018, foram registradas por câmeras de segurança, mas a defesa alega que elas foram divulgadas separadamente, interferindo na sequência dos fatos.

“A defesa vem solicitando desde 2018, que seja juntado o vídeo integral: das 9h às 17h30min da tarde. O que se tem nos altos e nas mídias sociais, é um vídeo de 16h50min a 17h. Não se tem aqui a íntegra do que foi solicitado. Hoje vai ser esclarecida a realidade dos fatos do que aconteceu”, sustentou Elvio Farias.

Previsão é que julgamento dure mais de dois dias

Feminicídio

No dia 12 de agosto de 2018, a cabo da Polícia Militar Emily Miranda, de 29 anos, foi assassinada pelo ex-namorado, Kassio Mangas, com quatro tiros. Depois do crime, ele fugiu no carro da vítima, segundo testemunhas.

Dois dias depois, ele se entregou na Delegacia das Mulheres, acompanhado de um advogado.

Seles Nafes
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