Kassio fala sobre supostas mensagens íntimas e diz que tentou suicídio

O ex-policial prestou depoimento no julgamento e disse ter flagrado uma suposta conversa íntima dela com outro homem
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Por SELES NAFES

O ex-soldado da Polícia Militar do Amapá, Kassio de Mangas, de 34 anos, disse em seu depoimento, durante o júri do caso, que não tinha ideia de ter disparado 4 vezes na ex-namorada. Interrogado pela juíza Lívia Cardoso na tarde desta segunda-feira (22), ele deu sua versão dos fatos e revelou que teria tentado cometer suicídio. Ele tentou alegar que agiu motivado por descontrole emocional, que tem um trauma pela perda dos pais e que teria descoberto um suposto romance da vítima com outra pessoa. A acusação afirma que o crime foi um feminicídio premeditado.

Kassio revelou que foi convidado pelos pais da cabo Emily Miranda para um almoço do Dia dos Pais, quando ocorreu o crime. Ele chegou a chorar a narrar uma suposta conversa com Emily sobre o churrasco do Dia dos Pais e sobre sua baixa autoestima. Segundo ele, Emily teria aceitado ser noiva dele.

Na noite anterior ao Dia dos Pais, eles teriam saído para jantar fora com a família dela, e eles não teriam brigado. Depois do jantar, os dois teriam ido a pelo menos dois bares na companhia de amigos.

Kassio diz que eles voltaram para casa dela por volta das 3h da madrugada. Quando ela dormiu, Kassio afirmou que pegou o celular dela e teria visto que uma suposta troca de mensagens íntimas entre Emily e outro homem.

Ele teria decidido tomar satisfações com ela na manhã seguinte, que teria dito que não estava mais interessada em manter o relacionamento. O ex-soldado negou que tenha ocorrido uma discussão acalorada.

“Eu disse que queria continuar com ela, que gostava dela”, comentou.

Após essa conversa, Kassio disse para a juíza que comunicou o fim do relacionamento a uma prima de Emily. Depois, os dois teriam concordado que ele poderia se mudar somente na segunda-feira e teriam reatado o relacionamento morando em casas diferentes.

Kassio decidiu responder apenas perguntas da defesa e de um dos jurados. Foto: André Silva

Eles teriam procurado um apartamento para alugar e que tinha iniciado a transferência de suas coisas para o novo apartamento com a ajuda de um irmão. Emily teria pedido para ele permanecer no apartamento até a segunda-feira, quando os dois iriam a uma loja comprar um colchão para ele.

“Vi quando ela debochou para uma prima dela, dizendo que eu estava fazendo drama pelo fim do relacionamento. Mas eu não liguei pra isso. Continuei fazendo a minha mudança”.

No retorno ao apartamento dela, Kassio revelou que decidiu de novo olhar o celular de Emily e teria descoberto novas mensagens. Os dois teriam discutido.

“Eu disse que ela tinha que fica com ele, porque eles se mereciam. Falei: tu sabe como vai terminar esse relacionamento. Ela disse que eu estava jogando pra ela, e que pra jogar praga pros meus pais. E ficou xingando os meus pais. Eu perdi o controle e fiz aquela besteira”.

Após os tiros, o ex-policial revelou que teria sentado na cama e tentado tirar a própria vida com um tiro na cabeça, mas que não teve coragem.

Um dos jurados fez uma pergunta sobre em que posição ela estava deitada quando recebeu os tiros

Possessividade 

O ex-policial falou muito a respeito sobre a perda e seus pais em várias partes do depoimento. Ao ser questionado pela promotora sobre sua possessividade e a terapia de casal, ele pediu para exercitar seu direito ao silêncio.  

“É porque eu sou mulher, né?”, retrucou a promotora.

O advogado Daniel Modesto, que banca de advogados de defesa, pediu que fosse registrado em ata que a promotora teria feito comentários em tom de deboche.

“Ele respondeu a todas as perguntas da juíza, que é mulher”, comentou devolveu o advogado Sandro Modesto.

Depois de um breve intervalo, Kassio voltou a responder perguntas apenas formuladas pela defesa e de um jurados, que indagou sobre a posição em que Emily estava na cama quando recebeu os tiros. Ele disse que ela estava de bruços quando os dois começaram a discutir e ele disparou os tiros.

“Eu quero pedir perdão, especialmente para os pais dela. Em nenhum momento em planejei. Pensei que o pior seria a cadeia, mas eu tirei a vida de uma pessoa que era importante pra mim. Não sou esse monstro. Vim de uma família humilde, estudei, joguei fora meu curso de sargento, minha família ficou doente pelo que eu fiz. Peço perdão para a Polícia Militar, tive a honra de participar dessa corporação. Até hoje não consigo acreditar que eu fiz essa cagada”, concluiu. 

Seles Nafes
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