Testemunhas confirmam que ‘raspadinha’ era fachada para compra de votos no AP

MP Eleitoral está pedindo a cassação do deputado federal André Abdon.
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Por SELES NAFES

Os depoimentos de testemunhas e diálogos num celular apreendido pela Polícia Federal do Amapá ajudaram o Ministério Público Eleitoral a entender como funcionava um esquema de compra de votos diferente nas eleições do ano passado. A doação de cestas básicas em troca de votos envolve o deputado federal André Abdon (PP-AP) e o candidato derrotado a deputado estadual Haroldo Abdon.

O ponto de partida da investigação foram denúncias que levaram a Polícia Federal e o MP Eleitoral a um atacadão no Bairro do Buritizal, no dia 27 de setembro de 2022 (1º turno), onde eleitores estavam retirando cestas básicas. No momento da abordagem, mais de 300 cestas sem identificação do atacadão foram apreendidas.

A gerente do atacadão teve o celular apreendido. Ela e outras testemunhas foram conduzidas para a sede da Polícia Federal. Em depoimento, ela negou que estivesse ocorrendo distribuição de cestas básicas em troca de votos, e que, na verdade, as pessoas que estavam indo buscar cestas básicas depois de terem comprado “raspadinhas”. No entanto, não foi o que confirmaram os eleitores ouvidos e as próprias equipes de fiscalização que foram até o local.

“Da análise dos depoimentos, observam-se as inúmeras contradições nos relatos dos conduzidos, sobretudo porque as informações prestadas pela conduzida não correspondem ao que foi dito pelas testemunhas, pois estas afirmaram que iam apenas retirar as cestas sem despender qualquer valor por elas”, diz trecho da ação.

Além dos depoimentos, o MP Eleitoral também citou diálogos encontrados no celular da gerente. A perícia da PF no celular dela foi entregue ao MP Eleitoral em março deste ano.

Os acusados foram ouvidos pelo MP Eleitoral e negaram todas as acusações, alegando “ilegitimidade passiva e fragilidade nas provas”, e que “a fundamentação da inicial não preenche os requisitos para a configuração do abuso de poder econômico e que ambos não tiveram participação nos fatos narrados”.

O MP Eleitoral afirma que há indícios de que pelo menos 1,3 mil cestas foram trocadas por votos para beneficiar André e Haroldo Abdon.

A ação de investigação judicial eleitoral pede a cassação de André Abdon e inelegibilidade por oito anos dele e de Haroldo Abdon, que já foi deputado estadual, mas não conseguiu se reeleger em 2018.

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