Amapá já registra mais de 300 casos de violência contra idosos em 2023

Simpósio que aconteceu durante a semana, busca fortalecer ações de combate a violência contra os idosos no Amapá
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Por ANDRÉ SILVA

Mais de 300 idosos do Amapá sofreram algum tipo de violência este ano. Os números são assustadores, mas poderiam ser ainda maiores se não houvesse subnotificações de casos, assunto tratado no 2º Simpósio Amapaense Multidisciplinar.

O evento iniciou na terça-feira (13) e se estendeu até a tarde desta sexta-feira (16), Museu Sacaca, na zona sul de Macapá. Junho é o mês da pessoa idosa.

A programação tratou de práticas de conscientização e prevenção à violência contra a pessoa idosa nos Sistemas Únicos de Saúde (SUS) e de Assistência Social (Suas).

O Simpósio foi realizado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) em parceria com a Associação Brasileira de Alzheimer e contou com a participação do Conselho Estadual de Saúde.

Representantes do segmento em cada um dos 16 municípios participaram do evento. Fotos: André Silva

A responsável técnica de Saúde da Pessoa Idosa da Sesa, Gorete Espíndola, confirmou que só até o mês de maio, já houve mais de 300 denúncias de violência contra o idoso. Ela explicou que esses são números de denúncias registradas na 5ª Delegacia de Polícia Civil do Amapá, que atende a este tipo de ocorrência. Contudo, há subnotificações no SUS.

Esses casos que deixam de ser registrados acontecem quando um idoso é atendido por qualquer unidade de saúde do Estado apresentando sinais de violência, e o profissional que o atendeu não notifica a situação para Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) e nem à polícia.

Para tentar resolver essa demanda, a Sesa propôs que cada município apresentasse suas ações de defesa da pessoa idosa. O objetivo é mapear essas atividades, propor estratégias de resolução e estabelecer pontos de atenção à pessoa idosa.

Responsável técnica de Saúde da Pessoa Idosa da Sesa, Gorete Espíndola: municípios do interior não notificam casos

“Atualmente há uma grande subnotificação dos atendimentos. Eles só estão direcionando ao disque 100. O que tem que acontecer é que quando o idoso procurar a unidade de saúde e relatar ao profissional que sofreu qualquer tipo de violência, ele vai preencher uma ficha de notificação e encaminhar para a SVS. De lá, haverá uma investigação sobre esse evento. Se for constatado o fato, esse dado é direcionado para o Ministério da Saúde”.

Ela explicou que como não há informação sobre esses casos, faltam recursos para promoção de ações de combate.

“Não tem como fazer ações se não têm indicadores. Se eu chegar hoje em algum município, por exemplo Itaubal, vou ver que está zero. A maioria dos municípios zeram, eles não notificam”, revelou.

Em Macapá, a gestora explica que existe a lei 2.358/2019 que obriga a unidades de saúde a notificarem os casos, mas ela vem sendo ignorada.

Conselheira de saúde do Amapá, Alessandra Queiroz

A conselheira de saúde do Amapá, Alessandra Queiroz, disse que o evento vai fortalecer a rede de atenção da pessoa idosa no Estado. Segundo ela, o Conselho Estadual de Saúde recebe denúncias de violências que acontecem nos estabelecimentos hospitalares e que elas são checadas.

“Recebemos denúncias de idosos que muitas vezes estão sofrendo no corredor de hospitais, e prontamente vamos checar e resolver a situação. Você não tem ideia de quantas denúncias chegam até nós. Então, eventos como esse vem só fortalecer a luta para combater esse tipo de violência”, afirmou a conselheira.

Seles Nafes
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