Após trote, bloco de curso na Unifap é alvo de protesto contra racismo

Por enquanto, assunto é tratado internamente
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Por ANDRÉ SILVA

Um suposto ato de racismo durante o trote do curso de Relações Internacionais na Universidade Federal do Amapá (Unifap) acabou gerando outro ato criminoso. Um dia depois da festa de recepção de calouros, o prédio do curso amanheceu pichado com as frases “Leviatã racista” e “R.I. racista”. Por enquanto, o caso está sendo tratado internamente.

Leviatã é o nome da associação atlética do curso responsável por aplicar o trote. Atléticas são os grupos de alunos de cada curso. Na Unifap existem 19. “R.I” são as iniciais do nome do curso. O evento tradicional que recebe novos acadêmicos acontece durante a semana do calouro, que este ano iniciou na última segunda-feira (19).

As informações preliminares que a reportagem apurou com a coordenadora do curso, Camila Soares, são de que uma caloura teria sido alvo de racismo, e que a vítima estaria se sentido muito exposta devido à grande repercussão que o fato teve. Segundo a coordenadora, a maior preocupação agora é com o estado mental da aluna. Ela preferiu não entrar em detalhes sobre o ocorrido, sem autorização da vítima.

“Na semana que vem haverá uma reunião de colegiado, e decidiremos como proceder com a situação”, pontuou a coordenadora.

O Portal SelesNafes.Com não conseguiu falar com a vítima.

Caloura teria se sentido vítima de racismo durante o trote. Fotos: André Silva/SN

Colegiado se reunirá para decidir sobre o assunto

Atlética nega abuso em trote

Em nota, a Associação Atlética Leviatã negou que durante o trote tivesse acontecido qualquer tipo de violência, e que promoveu uma recepção dos novos alunos em três etapas.

A primeira consistia em uma aula simulada onde o professor fictício, que é um acadêmico veterano, deu as boas-vindas aos novos alunos. No segundo momento do trote, esse mesmo calouro relatou sua experiência.

Na última fase, os calouros foram comunicados que seriam submetidos a outra fase do trote onde seriam pintados, e que ovos seriam quebrados em suas cabeças com água, colorau e trigo, além da brincadeira do “elefantinho”, quando os alunos andam um atrás do outro de cabeça baixa.

“Antes da execução dessas atividades, os calouros representantes da Atlética solicitaram permissão e consentimento dos calouros para participarem dos trotes. A maioria dos calouros concordou em participar e apenas duas calouras recusaram por questões de compromissos e saúde”, relatou em nota a Atlética.

Unifap possui 19 associações atléticas, mas nem todos os cursos possuem. Fotos: André Silva/SN

A entidade garante que em “nenhum momento os calouros tiveram sua integridade violada, foram agredidos, ofendidos ou humilhados de alguma forma”.

A Atlética finaliza a nota dizendo que não compactua de forma alguma com a disseminação de fake news – em relação ao ato de racismo – e que repudia veementemente “qualquer tentativa de distorcer os fatos”.

A reportagem esteve no campus da Unifap no Bairro Jardim Marco Zero e falou com alunos. Muitos não sabiam o que levou o ato criminoso da pichação, nem porque tal fato foi imputado a Atlética.

Seles Nafes
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