Faculdade descredenciada no MEC cobra para emitir diploma

Atual sede da instituição funciona no Bairro Infraero 1, na zona norte de Macapá.
Compartilhamentos

Por ANDRÉ SILVA

Alunos que já concluíram a graduação na Faculdade Atual, localizada em Macapá, têm que pagar para receber o diploma, mesmo sem estarem devendo nada. A instituição está fechada desde 2019, depois de ter sido descredenciada pelo Ministério da Educação.

O Portal SelesNafes.com esteve, nesta sexta-feira (9), no endereço da entidade, localizado no Bairro Infraero 1, na zona norte da capital, onde os alunos estão sendo orientados a irem dar entrada no processo de apressamento do diploma – ao custo de R$ 500. Lá, ninguém quis falar com a reportagem.

No portal do MEC, a instituição está “descredenciada por medida de supervisão”, desde 2018.

No portal do MEC, a instituição está “descredenciada por medida de supervisão”. Fotos: Reprodução

O técnico em informática Rafael Freitas conta que sua esposa se formou em Pedagogia no ano de 2015. Desde então, ela tenta obter o diploma. Chegou a falar por telefone com uma pessoa que se dizia representante da faculdade, que chegou a prometer uma solução ainda em 2021, o que não aconteceu.

“Todas as vezes que foi pedida a entrada, eles registravam, mas sempre pediam um prazo a mais – volte daqui a 3 meses –, enrolaram, enrolaram, e não deram. Na época, ela queria com urgência, ela tentou várias vezes, e novamente só passando pra outro mês, até que, em 2021, um homem entrou em contato com ela, mas nada se resolveu”, lamenta.

 

Conversa com ex-aluna, esposa do técnico em informática desde 2021

Rafael disse que esse ano uma outra pessoa, que se identificou como representante da faculdade, entrou em contato com os alunos e criou um grupo de WhatsApp, onde o assunto relacionado ao diploma seria resolvido.

Segundo ele, a pessoa explicou que para o aluno ter acesso ao diploma teria que pagar a taxa de apressamento. Ela explicou que a faculdade estava descredenciada e sem recursos, por isso, os alunos teriam que desembolsar para obter o documento que comprova a formação.

“Hoje, o aluno tem que solicitar e efetuar o pagamento da taxa de apressamento do diploma que está no valor de 500 reais, pois a faculdade Atual, está descredenciada desde 2018 e não possui fundos lucrativos. Por este motivo o aluno paga a taxa de apressamento”, diz a mensagem da porta-voz da empresa.

Print do grupo onde o valor de R$ 500 é cobrado para “apressar” a expedição do diploma

A ex-aluna Sabrina Vitorino se formou em 2015. Ela relembra que não teve como pagar a taxa cobrada pela instituição quando concluiu o curso, pois estava desempregada. Como não tinha o dinheiro, teve que entrar numa fila de espera para receber o documento. A fila já dura 8 longos anos.

“Até hoje. Pelo fato dessa taxa que desde quando me formei eles cobram. E na época estava desempregada. Não paguei, e optei pela lista de espera. Durante todos esses anos até fui atrás. Porém, eles sempre falam dessa taxa de apressamento. Hoje eu trabalho em outro segmento e não preciso desse diploma pra continuar trabalhando, por isso que não vou pagar. Agora serei muito prejudicada se eu passar em um concurso público. Aí, sim, eu vou pelo meio da justiça”, reclamou.

A maior dúvida dos alunos é como uma Faculdade descredenciada pode emitir certificados, como o representante da instituição vem prometendo.

A pessoa que tem atendido aos estudantes, segundo eles, afirmou que os diplomas estão sendo emitidos pela Universidade Federal do Amapá (Unifap).

A reportagem entrou em contato com o estabelecimento de ensino, por mensagens de WhatsApp, para tentar confirmar esta informação. No entanto, a pessoa que respondeu, não quis gravar entrevista. Ela disse apenas não estar autorizada a falar sobre o assunto.

Seles Nafes
Compartilhamentos
Insira suas palavras de pesquisa e pressione Enter.
error: Conteúdo Protegido!!