O nada

Do nada Thomas Edson inventou a lâmpada
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Por ARTEMIS ZAMIS, empresário e articulista

Estava eu aqui pensando em um assunto para escrever aqui nesta semana e de tantos e tantos que brotam a cada dia, na política, na cultura, religião, justiça (Nossa, a justiça), injustiça também, e me deparei com um dilema.

Falar de que afinal? Enquanto sentia a água do chuveiro molhar a cabeça e tirar o monte de shampoo que derramei exageradamente, me veio a ideia de não falar nada. Isso mesmo, falar do Nada. E por que falar do Nada? Porque do nada é que vem as grandes ideias. Afinal, do nada Thomas Edson inventou a lâmpada, do nada, Arquimedes resolveu o mistério da coroa de ouro do Rei e dizem que se empolgou tanto que saiu nu pelas ruas gritando Eureka! Eureka! – que em grego significa “descobri”.

Eu jamais ousaria me comparar a Arquimedes, até porque ele estava na banheira e eu no chuveiro. Coisas bem diferentes. A única coisa que harmoniza nisso tudo é que a minha água e a dele são molhadas.

Bom, Também do nada D. Pedro I inventa de gritar as margens do Rio Ipiranga a famosa frase “Independência ou Morte!” Pra que isso? Dizem que inclusive já estava tudo resolvido, carimbado e sacramentado e por isso, nem precisava desse estardalhaço todo. Ah, mas talvez foi para a foto de Pedro Américo. Só pode. O pior ainda estava por vir. Portugal ainda tentou levar D Pedro I de volta, mas eis que em 9 Jan 1822 ele brada de novo. “Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto! diga ao povo que fico” Não precisava de nada disso. Podia ter passado o bastão pro Sarney e tudo estava resolvido.

D. Pedro I gritou “Independência ou Morte!”. Crédito: Cícero Moraes

Mas afinal, o que é o nada? Pode ser um simples pronome indefinido ou um adverbio de negação e até um verbo. A inexistência de algo a ausência de uma coisa. Filosoficamente explica-se o nada como o nada mesmo. Se você for tentar entender Bergson, Hegel, Heidegger ou Sartre vai perceber que o nada, nada mais é que nada. Com todo respeito a filosofia e ao existencialismo discordo peremptoriamente. O nada existe e posso provar.

No meu chuveiro, do nada eu pensei em Arquimedes e comigo mesmo falei (pronto, quando a pessoa começa a falar consigo mesmo isso não é bom) mas vamos lá. Do nada eu pensei em escrever sobre o Nada e do nada eu pensei se D Pedro I tivesse passado o bastão para o Sarney no dia do fico.

Eu acho que o nada é tudo.

Do nada vamos votar todo outubro e novembro e sabe-se lá por que cargas d’agua a gente elege seres humanos e outros desumanos, elegemos pessoas completamente afeitas a não ter absolutamente nada embaixo dos cabelos e quando tem, está danificado. Elegemos nada para representarem nada, porque o que lhes interessa são seus próprios bolsos e vida boa. Do nada se arvoram em brigas homéricas para cada um defender seu quinhão que do nada lhes foram concebidos. São nada, nada representam e nada parece ameaçador a ponto de ficarem temerosos em perder a mamata deles de cada dia. Mas há alguns casos raros e ainda bem que há. Mas o que se espera é que todos nós paremos pra pensar mais, estudar mais, ler mais. A leitura enaltece, te faz grande e um sábio. O que liberta de fato é o conhecimento, pois sem ele seremos o nada, ou quase nada.

Arquimedes resolveu o mistério da coroa de ouro do Rei

Quero o nada como um verbo pois ao menos queimo as calorias na piscina, no mar, no Portal do Sol em Macapá e aquele banho no Rio Araguari. Ali, nada é mais gostoso e revigorante. Não quero Nada além daquilo que tenho, que é o desejo de ver brasileiros aprendendo a pesquisar a fundo seu candidato e não acreditar em promessas vans. Nossa filosofia é primeiro conhecer, para depois do nada fortalecermos a instituição mais importante que é o congresso nacional. Levante-se e Nada de preguiça.

Queira tudo e que Nada te atrapalhe, porque do nada pode surgir tudo.

Seles Nafes
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