Palco de crimes, Praça do Coco perde famílias e turistas para violência

Clientes e empresários reclamam da insegurança e da ausência de público familiar.
Compartilhamentos

Por ANDRÉ SILVA

Trabalhadores e frequentadores da Praça do Coco, localizado na Beira Rio, Centro de Macapá, reclamam da insegurança no local. Com ela, vêm os prejuízos porque o lugar virou palco de atos de violência, o que tem afastado clientes, segundo proprietários dos quiosques.

O ambiente que foi projetado para receber turistas e ser um ponto de encontro de famílias amapaenses e amigos para tomarem água de coco, comer um abacaxi gelado e até mesmo uma cervejinha em frente ao maior rio do mundo, o Amazonas, tem perdido seu brilho.

Homicídios, consumo de drogas, pessoas armadas, furtos e assaltos têm afastado, pouco a pouco, as pessoas. Criminosos passaram a frequentar o local.

Na ocorrência mais recente, na madrugada de sexta-feira (9), policiais prenderam um homem armado, suspeito de fazer parte de uma facção. Ele foi flagrado com um revólver na cintura.

Local era frequentado por muitas famílias, que aos poucos vão com menos frequência

A reforma da praça do outro lado da rua, deixou o ambiente, além feio, ainda mais inseguro

Momento dos disparos na briga do dia 23. Foto: Reprodução

No dia 23 de março, enquanto um homem e seu primo bebiam cerveja, uma outra pessoa se aproximou e iniciou uma briga. Ele estava armado e durante a confusão fez disparos contra o primo do desafeto. Tudo foi filmado por clientes com celulares.

Mas o crime mais emblemático que aconteceu no local e que chocou a opinião pública, foi a execução de um fisioterapeuta que levou vários tiros de um adolescente, em março de 2018.

Desde aquele crime, a Praça do Coco nunca mais foi a mesma. A reforma da praça do outro lado da rua, deixou o ambiente, além feio, ainda mais inseguro. É o que reclamam os microempresários que atuam na área.

Deivison vez ou outra vai até a praça para se encontrar com amigos e tomar uma água de coco, mas diz que não demora

O mototaxista Deived Deivison, de 34 anos, vez ou outra vai até a praça para se encontrar com amigos e tomar uma água de coco. Mas, sem sentir seguro no local, ele diz que procura não demorar.

“Se tivesse uma segurança mais presente, o cara até poderia se sentir mais seguro. Nesse momento (às 13h) não tem nenhum carro de polícia ou guarda passando aqui, se o cara quiser aproveitar esse momento para roubar a gente, ele consegue”, reclamou o mototaxista.

O amigo dele, o policial da reserva Edilson Oliveira, ponderou a fala do amigo e disse que a polícia não pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Falou que ninguém está seguro, seja lá onde for.

Barracas são frequentemente furtadas

“A polícia não pode estar presente em todos os lugares 24 horas, do teu lado. Ninguém se sente seguro em lugar nenhum.  Nem na nossa própria casa a gente não se sente seguro. Esse continua sendo um ambiente de família e amigos, mas para o bandido basta a ocasião”, opinou.

A reportagem ouviu alguns empreendedores, que preferiram não se identificar, obviamente com medo de represálias de bandidos. Eles afirmaram que a Polícia Militar e a Guarda Civil Metropolitana de Macapá fazem ronda no local, mas nem isso tem impedido a ação de criminosos.

Um deles teve o televisor, usado para a diversão dos clientes, roubado na última noite de quinta-feira (8). Segundo ele, a Prefeitura os obrigou a fechar a partir de 0h durante a semana e aos fins de semana a 1h.

Para o empreendedor, isso tem atraído bandidos que aproveitam a vulnerabilidade do lugar para roubar. Os criminosos ficam à espreita atrás do tapume colocado pela empresa que trabalha na reforma da Praça Jaci Barata, esperando o momento para agir.

Empreendedores têm receio de falar, mas reclamam de insegurança

“A gente tem que pagar vigia, colocar corrente e ainda pagar uma porcentagem para a prefeitura, mas eles não oferecem uma segurança efetiva. Não existe. A gente fecha meia noite e os bandidos fazem a festa. Quem leva o prejuízo são só os barraqueiros. Roubaram a televisão aqui do lado”, protestou.

Uma microempresária, que também não quis se identificar, acha que a praça é desprezada pelo poder público, que deixou de fazer eventos no local, o que, segundo ela, atrairia mais clientes.

“Show só no Mercado Central. Aqui, só fomos esquecidos. Aí, não podemos colocar um som. O que eles querem é colocar uma praça só pra passeio. Aqui é um cartão postal”, reclamou.

De dia, o local é tranquilo, mas com pouco movimento

Um autônomo relatou que chegou a chamar a atenção de pessoas que consumiam droga próximo de seu quiosque.

“A gente fica com medo e incomoda os clientes. São famílias que às vezes vêm com seus filhos, que reclamam do cheiro forte. Aí, eu tenho que me dispor a pedir para eles iram fumar em outro lugar”.

Seles Nafes
Compartilhamentos
Insira suas palavras de pesquisa e pressione Enter.
error: Conteúdo Protegido!!